segunda-feira, 10 de novembro de 2008

AUTISMO, meninos num mundo à parte…

A palavra autismo deriva do termo grego autos e traduz a ideia de alguém que está mergulhado em si próprio. Em termos simples, as crianças que sofrem desta perturbação denotam uma enorme incapacidade de empatizar com outro, a qual se manifesta em três domínios: na comunicação, na interacção recíproca e nos comportamentos obsessivos e repetitivos.

O que é?
O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade. O problema foi identificado em 1943, pelo pedopsiquiatra Leo Kanner, que definiu as seguintes características:
- atraso intelectual;
- desejo de conservação pela semelhança (daí o isolamento);
- boa capacidade de memorização mecânica;
- expressão ausente;
- mutismo;
- hipersensibilidade aos estímulos;
- relação obsessiva com objectos;
- gestos repetitivos e estereotipados, como o balançar as mãos ou do corpo;
- rejeição de mudanças de ambiente, graças a uma dependência de rotinas.

O facto de, em 50% dos casos, as pessoas autistas não desenvolverem a linguagem é uma das características mais marcantes.

Sinais reveladores da doença
O autismo não se manifesta por quaisquer sinais físicos, o que, à partida, atrasa o seu diagnóstico.
Os sinais mais evidentes por etapas são:
- Quando nasce:
O bebé com autismo pode mostrar indiferença pelas pessoas e pelo ambiente que o rodeia, além de que, por vezes, apresenta problemas de alimentação ou de sono, ou pode ainda chorar muito sem razão aparente.
- Aos oito meses:
Assim que começa a gatinhar, pode fazer movimentos repetitivos, tal como bater as palmas. Paralelamente, quando brinca não utiliza o jogo social, ou seja, não interage com os outros, nem sequer com a mãe ou o pai.
- Aos doze meses:
Demonstra, por vezes, um interesse obsessivo por determinados objectos, o que revela um comportamento estereotipado e repetitivo; os atrasos ao nível da locomoção são também comuns.
- Depois dos dois anos:
A tendência é para a criança se isolar, utilizar padrões repetitivos de linguagem e inverter as componentes das frases e não brincar normalmente nem dar a correcta utilização a cada brinquedo.
- adolescência:
Tanto pode haver melhorias nas relações sociais e no comportamento ou, pelo contrário, voltar a fazer birras, mostrar auto-agressividade ou tornar-se violento para com os outros.

A genética é a explicação
As causas específicas do autismo ainda são desconhecidas para a comunidade científica. Contudo, desde os anos 60 do século XX que está provada a existência de uma base genética, o que explica a incidência de casos de autismo em descendentes de um mesmo casal. Hoje, sabe-se que não há ligação causal entre as acções dos pais e o aparecimento desta perturbação, ao contrário do que se pensava durante a primeira metade do século XX.
No final de 2007, Manzar Ashtari, do Hospital pediátrico de Filadélfia, nos Estados Unidos da América, apresentou, durante um encontro anual da “Radiological Society”-norte americana, um estudo que desvendava diferenças relevantes no cérebro das crianças autistas. De acordo com este investigador, estas possuem mais massa cinzenta do que as outras crianças na área do cérebro, nomeadamente nas regiões dos lóbulos parietais, responsáveis pelo processamento social e pela aprendizagem através da observação.
Para além destes trabalhos, outros identificaram factores pré-natais, como a rubéola e o hipertiroidismo, que podem ter influência sobre o surgimento de autismo, e outros de natureza perinatal, como:
· a prematuridade;
· o baixo peso à nascença;
· as infecções graves neonatais;
· o traumatismo durante o parto.

Fármacos
Infelizmente, ainda não existe um tratamento específico e definitivo para o autismo. Apesar disso, algumas terapias podem, de facto, ajudar a melhorar as condições de vida dos meninos que sofrem desta perturbação. Porém, é preciso ter presente que a sua aplicação depende das características de cada indivíduo. Os tratamentos consistem numa estimulação e apoio constante, de forma a fazer com que a criança interaja com o ambiente, com as pessoas e com as outras crianças.
Paralelamente, existem alguns medicamentos prescritos pelo médico assistente, no sentido de aliviar os sintomas, bem como as alterações comportamentais associadas ao autismo.

Este foi um tema que sempre me interessou, embora o meu conhecimento fosse quase nulo.
Fiquei a saber que esta doença pode estar associada a factores genéticos e a problemas pré e pós-parto e caracteriza-se por um retrocesso das relações interpessoais e pelas diversas alterações da linguagem e dos movimentos, que se tornam repetitivos.
A perda do contacto emocional e interpessoal é o processo básico destas crianças serem anti-sociais, levando-as ao extremo e até à agressividade.
As crianças com autismo emocionam-me e fascinam-me ao mesmo tempo, pela ausência de comunicação com os outros. Imagino o mundo profundo onde se encontram e imagino também qual será a sua linha de pensamento, levando-me à questão principal, do motivo que me levou a fazer este trabalho:
O que podemos fazer para ajudar estas crianças?
Fiquei a pensar que podemos ajudá-las, por exemplo, com musicoterapia, desenvolvendo as suas habilidades rítmicas de uma forma mais intensa, mas haverá sempre dificuldade nas áreas da comunicação verbal, na interacção social e na alfabetização.


Texto elaborado por Sara Sousa


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