quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Search for life


Lifi from Adam Joy on Vimeo.

Polegarzinha*


Num mundo de bem-querer
Existimos na cor mais forte do arco-íris.
Tu, genuína e pequenina
Eu, encantada com o teu ser
E nesse mundo mágico
Quero sempre viver!

A vida dá voltas e voltas
Mas por mais que rodopie e torne a rodopiar
No meu coração irás sempre estar...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Eu sou


"Sou toda feita de coração, nem sei porque é que Deus me deu miolos, nunca os uso para as coisas mais importantes da vida."

Margarida Rebelo Pinto

sábado, 25 de dezembro de 2010

La vita é bella

Smile, without a reason why
Love, as if you were a child,
Smile, no matter what they tell you
Don't listen to a word they say
...Cause life is beautiful that way



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um poema à tua altura


Na lista dos teus fins venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja.
Embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã, dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.


António Franco Alexandre

A magia do Natal


Ilustrações de Gaëlle Boissonnard



Feliz Natal


Da árvore nascia um brilhar maravilhoso que pousava sobre todas as coisas. Era como se o brilho de uma estrela se tivesse aproximado da terra. Era o Natal. E por isso uma árvore se cobria de luzes e os seus ramos se carregavam de extraordinários frutos em memória da alegria que, numa noite, muito antiga, se tinha espalhado sobre a Terra.
E no presépio as figuras de barro, o Menino, a Virgem, São José, a vaca e o burro, pareciam continuar uma doce conversa que jamais tinha sido interrompida. Era uma conversa que se via e não se ouvia.

Sophia de Mello Breyner

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Outras transparências

Descalço-me de sombras para chegar a ti
as linhas do meu rosto são claríssimas
nelas não vês o velho, a criança, o adulto
vês apenas o traço comum
que é onde eu procuro a tua mão
na transparência da minha palavra inteira.

Vasco Gato

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O que existe entre as coisas


Dá-me a tua mão:
Vou-te agora contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio e nesse silêncio profundo se esconde a minha imensa vontade de gritar.


Clarice Lispector

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Procuro-te


Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque com a forma de um grito de alegria.
Ou a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água
entre o azul do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti e o teu nome
ilumina as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre
– procuro-te.

Eugénio de Andrade

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Feelings

"Of the thousand experiences we have, we find language for one at most and even this one merely by chance and without the care it deserves. Buried under all the mute experiences are those unseen ones that give our life it's form, it's color, and it's melody. Then, when we turn to these treasures, as archaeologists of the soul, we discover how confusing they are. The object of contemplation refuses to stand still, the words bounce off the experience and in the end, pure contradictions stand on the paper. For a long time, I thought it was a defect, something to be overcome. Today I feel it is different: that recognition of the confusion is the ideal path to understanding these intimate, yet enigmatic, experiences. That sounds strange, even bizarre, I know. But ever since I have seen the issue in this light, I have the feeling of being really awake and alive for the first time."

IDEM

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quem me dera...


"Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte,
...estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!"

Florbela Espanca (8/12/1894 - 8/12/1930)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desassossegos...


...Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge.
Então as coisas aparecem-me nítidas.
Esvai-se a névoa de quem me cerco.
E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma.
Todas as durezas olhadas me magoam, o conhecê-las durezas.
Todos os pesos visíveis de objectos me pesam por a alma dentro.
A minha vida é como se me batessem com ela...

Fernando Pessoa - O livro do Desassossego

A beautiful song

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ausências


A quem senão a ti direi como estou triste?
Mas se a tristeza vem de tu não estares, como ta direi, como hei-de juntar o que me está doendo ao vento que não bate mais à tua porta?
Eu sei que a tristeza é só isto, é só isto, o descoincidir consigo mesmo, eu sei, descoincidir com os outros, estava previsto porque dentro de si o mundo não coincide e não há senão tristeza.
Em cada um está Cristo sempre abandonado, cada um abandonado a si mesmo, sem princípio e sem fim,
pois no princípio o amor era dado, não ausência, nem dor, nem habitado ser por todo este absurdo.
Morrer um pouco, disse, sem saber o que dizia pois eram só palavras, como se a prometer tudo aquilo que havia e não havia.
Não haver palavras és tu a desaparecer.

(Bernardo Pinto de Almeida)



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sente o vento


Sente o vento que abraça
Em suaves afagos
Vento desfazendo penteados
Acariciando, roçando...
Sente o vento...
Em suaves afagos.


domingo, 28 de novembro de 2010

Raindrops keep falling on my head

Das melhores coisas do mundo é dizermos às pessoas o quanto gostamos delas. Sem educações. Sem malícia. Sem constrangimentos. Tenho quase a certeza disto.



O rio

“Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos.
É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos, e tem a macieza quente do lodo vivo.
É um rio.
Corre-me nas mãos, agora molhadas.
Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de repente não sei se as águas nascem de mim, ou para mim fluem.
Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o próprio corpo do rio.
Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os barcos e o céu que os cobre, e os altos choupos que vagarosamente deslizam sobre a película luminosa dos olhos.
Nadam-me peixes no sangue e oscilam entre duas águas como os apelos imprecisos da memória. Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga.
Ao fundo do rio e de mim, desce como um lento e firme pulsar de coração.
Agora o céu está mais perto e mudou de cor.
É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo acorda o canto das aves.
E quando num largo espaço o barco se detém, o meu corpo despido brilha debaixo do sol, entre o esplendor maior que acende a superfície das águas.
Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas da memória e o vulto subitamente anunciado do futuro.
Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar calada sobre a proa rigorosa do barco. Imóvel, espero que toda a água se banhe de azul e que as aves digam nos ramos por que são altos os choupos e rumorosas as suas folhas.
Então, corpo de barco e de rio na dimensão do homem, sigo adiante para o fulvo remanso que as espadas verticais circundam.
Aí, três palmos enterrarei a minha vara até à pedra viva.
Haverá o grande plano primordial quando as mãos se juntarem às mãos.
Depois saberei tudo.”

Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos.

As pequenas memórias - José Saramago

sábado, 27 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Inútil eternidade


Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:
tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.
Não chorarei minha triste brevidade:
unicamente alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvem, n'água.
A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.
O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil.

( Cecília Meireles )

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu sei tudo sobre o Pai Natal

Os crescidos dizem que o Pai Natal não existe. Mas eu não acredito neles.
Iniciando-se com a frase «os crescidos dizem que…», este pequeno hino à figura do Pai Natal vem reforçar a sua existência e provar a todos os meninos que ele não só existe como continua a visitar todas as casas, ou melhor, aquelas casas que têm árvores de Natal, em cada ano que passa. As dificuldades enunciadas pelos adultos são rapidamente desconstruídas pelo menino protagonista desta história que encontra resposta para qualquer ideia feita. O importante é acreditar que realmente o Pai Natal existe e toda a tradição de que ele faz parte encontra significado na mentalidade dos pequenos leitores. As crianças são a prova viva de que a lenda perdura ao longo dos tempos e se mantém acima de todas e quaisquer contrariedades. Por isso, não vale a pena dizerem que o Pai Natal não existe quando todos sabem que isso não é verdade.

domingo, 21 de novembro de 2010

Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Porque isso me era tão difícil?

"Junto ao mar, estendia os braços para ela, adorava-a, sonhava com ela e lhe dedicava todos os seus pensamentos. Mas sabia, ou pensava saber, que um homem não pode alcançar uma estrela. Imaginava que seu destino era amá-la sempre sem esperanças e construiu sobre essa ideia toda uma vida de renúncia e de dores, muda e fiel, que devia purificá-lo e enobrecê-lo.
Uma noite estava de novo sentado junto ao mar, no alto de uma escarpa, contemplando a amada, ardendo de amor por ela. E num instante de profundo anseio, saltou no vazio para alcançar a estrela. Mas ainda não pensou na possibilidade de alcançá-la e caiu, arrebantando-se contra as rochas. Não sabia amar. Se no momento de saltar tivesse força de alma bastante para crer fixa e seguramente na obtenção de seu desejo, teria voado para o ceu para encontrar sua estrela."

Demian - Hermann Hesse

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Eu também, Clarice


Sou composta por urgências:
minhas alegrias são intensas,
minhas tristezas, absolutas.
Entupo-me de ausências,
esvazio-me de excessos.
Eu não caibo no estreito,
eu só vivo nos extremos.

 
( Clarice Lispector )

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Desordem cósmica

... Por favor,
inventa as leis de uma alquimia
que transforme a matéria de um não
na matéria de um sim
e dá-me o que te dou,
o que não morre...

( Fernando Pinto do Amaral )

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A espera...


Um mar rodeia o mundo de quem está só.
É o mar sem ondas do fim do mundo.
A sua água é negra; o seu horizonte não existe.
Desenho os contornos desse mar com um lápis de névoa.
Apago, sobre a sua superfície, todos os pássaros.
Vejo-os abrigarem-se da borrasca nas grutas do litoral: as aves assustadas da solidão.
«É um mundo impenetrável», diz quem está só.
Senta-se na margem, olhando o seu caso.
Nada mais triste para além dele, até esse branco amanhecer que o obriga a lembrar-se que está vivo.
Então, espera que a maré suba, nesse mar sem marés, para tomar uma decisão.

Nuno Júdice

Volúpia


Não me deixei prender.
Libertei-me de todo
e fui em busca de volúpias
que em parte eram reais,
em parte haviam sido forjadas por meu cérebro;
fui em busca da noite iluminada.
E bebi então vinhos fortes,
como bebem os destemidos no prazer.

 
( Konstantinos Kaváfis )

sábado, 6 de novembro de 2010

Sharing is Caring


INFLUENCERS FULL VERSION from R+I creative on Vimeo.

Mas é assim o poema:


Mas é assim o poema:
construído devagar,
palavra a palavra,
e mesmo verso a verso,
até ao fim.
O que não sei é como acabá-lo;
ou, até, se o poema quer acabar.

Então peço-te ajuda:

puxo o teu corpo para o meio dele,
deito-o na cama da estrofe,
dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes.
Ficamos assim.
Para trás, palavras e versos,
e tudo o que não é preciso dizer:
eu e tu,
chamando o amor
para que o poema acabe.


(Nuno Júdice)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mistérios...

Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto - tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo.
Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra.
(...)

(Vergílio Ferreira)

Here comes the sun


The Sun (feat. Nili) - Villeneuve from duriez jérémie on Vimeo.

sábado, 30 de outubro de 2010

Heroes & Saints

Esta música transporta-me para um sítio onde nunca estive, para memórias de coisas que não vivi, para um sonho que quer ser mais do que isso somente... É simplesmente divinal.

Pelos direitos dos animais selvagens

'Consciencialização' é a palavra nesta campanha publicitária que defende que os animais selvagens têm direito a viver no seu ambiente natural sem a interferência do Homem. A desflorestação, o crescimento das selvas urbanas, as alterações climáticas e até mesmo as guerras e conflitos têm vindo a tomar os territórios destes animais. E bem vista a campanha, porque é inevitável a sua invasão aos nossos espaços...





segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vento de Outono


Vento de outono,
vento solitário,
vento da noite,
força obscura que se desprende
do infinito e volta ao infinito,
rodopia dentro de mim,
conjura contra meu coração tua força,
arranca de uma vez
a casca do fruto que não madura.

Joan Vinyoli

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para ti

Queria apenas estar contigo, sabendo que nada te trará de volta e limpei a tua campa como se limpasse as névoas da memória, para te ver ainda... E as flores que agora te cobrem são de cor púrpura, como a saudade que deixaste e tudo o que se faz, não te aviva o rosto, nem me aviva a alma...

haverá talvez um modo de amanhecer
que revele nos olhos o secreto ardor
com que se levanta o trigo enorme.

haverá talvez um lago que a noite não toque
e de dia em dia, como ontem, como amanhã,
cante a mulher que ali foi ver nascer o filho.

haverá talvez um suor que não o do sacrifício
e com o qual a pele cintile como uma borboleta
que vem descendo o céu até à flor dos teus lábios.

haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.

haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo.

(vasco gato)

Thoughts

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Uma palavra


Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la ?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

 
Carlos Drummond de Andrade

Gravity here on the ground



Something always brings me back to you. It never takes too long.
No matter what I say or do I'll still feel you here 'til the moment I'm gone.
You hold me without touch. You keep me without chains.
I never wanted anything so much than to drown in your love and not feel your rain.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Absurdos, coisas da vida...


Gelaram todas as mãos cruzadas sobre os peitos...
Murcharam mais flores do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncios eleitos...
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...

Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!
(Fernando Pessoa)

Parole, parole, parole


Parole, parole, parole, Parody from Ars Operandi Video on Vimeo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eles agradecem...

"Todos os pais e professores amam estar ao lado dos filhos que estão no pódio, que atingem os primeiros lugares mas a excelência do amor revela-se quando nos colocamos ao lado daqueles que nunca saíram das últimas fileiras..."

Augusto Cury

sábado, 9 de outubro de 2010

This must be the place

Chong Gon Byun, pintor coreano, é também coleccionador de objectos.
A sua casa está repleta de relíquias e quinquilharias, umas encontradas pelas ruas, outras adquiridas em viagens.
O curioso recanto foi tema da série "This Must be the Place", composta por pequenos filmes que exploram o conceito de lar.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Coisas simples

...
escondo-me atrás de coisas simples,
para que me encontres.
Se não me encontrares, encontrarás as coisas,
tocarás o que minha mão já tocou,
os traços juntar-se-ão de nossas mãos,
uma na outra.
...

Excerto de poema de Yannis Ritsos, trad de Eugénio de Andrade

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Are you obsessed with the right things?

O Breast Cancer Foundation criou uma campanha usando a pintura corporal como forma de atrair a atenção das mulheres para um dos cancros mais mortíferos.




O slogan “Are you obsessed with the right things?” –  tem a intenção de provocar as mulheres comparando algumas tolices que incomodam o sexo feminino como borbulhas, rabos grandes e cabelos desgrenhados com o cancro da mama.

domingo, 3 de outubro de 2010

Poema triste


Amo todos os poemas tristes
Toda a palavra chorada
Todas as lágrimas que percorrem o papel
Num silêncio absorto.

Amo na plenitude da solidão
A melancolia da saudade.
Amo todos os poemas tristes
Até os ridículos
De amor.

Alma de poeta
Nobre alma que chora
Amando todas as lágrimas
Mordendo todos os versos
Do mais triste poema.


Dulce Antunes

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Little wing


Now she's walking through the clouds
With a circus mind that's running wild
Butterflies and zebras and moonbeams and fairy tales
All she ever thinks about
Is riding with the wind.

When I'm sad, she comes to me
With a thousand smiles, she gives to me, free
It's alright, it's alright, she says
Take anything you want from me, anything...

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Há dias assim

"Há dias em que me sinto vazia, como se um cansaço imenso e letárgico se tivesse instalado sem pré-aviso e me tolhasse o coração e o espírito.
São dias em que acordar é pior do que ter um pesadelo e levantar-me da cama parece mais difícil do que atravessar o Atlântico a nado.
Manhãs submersas em recordações e saudades, a sonhar calada com tudo o que quis e nunca tive, mais o que mereço mas ainda não alcancei."

As crónicas da Margarida - Margarida Rebelo Pinto

domingo, 26 de setembro de 2010

Assim é e assim seja...


Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Uma declaração

Aqui fica, aberta ao mundo, uma declaração de amor.
Para o meu Pai, que também é o meu herói e o meu protector e que, acima de tudo, é o meu melhor amigo - um dia muito feliz, cheio de saúde e de bem-querer...
Nunca será demais agradecer-te por tudo o que me proporcionaste ontem, hoje e sempre.
Devo-te muito e também (mas não só) por isso, amo-te muito!
Feliz aniversário, Pai

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Para ti, mano..

Eu pronuncio o teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oca
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio o teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Que a plenitude em Deus seja a razão da tua ausência...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lua adversa


"(...) A lua, grande e de um branco branco, elucida tristemente as diferenças socalcadas da casaria. E o luar parece iluminar algidamente todo o mistério do mundo. Parece mostrar tudo, e tudo é sombras com misturas de luz má, intervalos falsos, desniveladamente absurdos, incoerências do visível. Não há brisa, e parece que o mistério é maior. Tenho náuseas no pensamento abstracto. Nunca escreverei uma página que me revele ou que revele alguma coisa. Uma nuvem muito leve paira vaga acima da lua, como um esconderijo. Ignoro como estes telhados. Falhei, como a natureza inteira."

 

Bernardo Soares,
in Fernando Pessoa

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A poem

(Falling - Painted by Sarah McNulty)

Tears Falling Down

Tears falling down, falling down, falling down
Feelings of such unworthiness of this crown
Unwanted, hurt and feeling alone
In a crowded world that only seems filled with stone.

I have been here many times before
Hoping and praying that God would open this door
Countless nights crying out to him
In a crowded world that seems so dim.

I pour out my heart, hoping each time is enough
But it always seems that what I give is only slough
Anguished is my heart and my mind
In a crowded world where I’ve become so blind.

I ask for one thing, but he doesn’t give it to me
Praying, please God take away this longing, I plea
Spoon in my heart, pulling it out slowly
In a crowded world where I feel so lonely.

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