quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um sorriso etéreo



Aqui sentada em frente ao PC, revejo-me no reflexo do ecrã
Penso, tento negar o que sinto e o que penso
Cheia de trabalho e sem estímulo para o concretizar
Cheia de questões e sem forças para as colocar
Sinto-me vazia de mim mesma e quero encontrar-me
Procurar-me na essência dos dias que evaporam
Que me deixam sem um sorriso no rosto...
Neste ultimo dia do ano, faço um pedido
A quê ou a quem não sei...
(Infelizmente, não acredito em entidades divinas...)
Peço a todas as energias que desconheço
A todas as forças que nos regem
Em especial, à minha força interior
Que o ano que se segue me reserve algo de bom:
Que todos os livros (auto-ajuda) que recebi este Natal
Me cativem à sua leitura e à crença do seu conteúdo,
Que possa andar de bicicleta voando pelo tempo
Com o cabelo ao vento e a alma ao sol,
Que possa ver os meus filhos crescer
em caminho à realização e alegria,
Que possa ver os meus pais em saúde,
Que possa ter amigos sem receios nem reservas,
Que possa sentir emoções fortes,
Que possa estar rodeada de crianças,
Que possa ir mais ao cinema, ao teatro, a concertos,
Que possa crescer e também aprender com os erros...

E ao pensar, ao visualizar este pedido
Um sorriso colou-se nos meus lábios
Um sorriso que não era meu...
Um sorriso de alguém que sorria em mim
Talvez tu me quisesses lembrar de sorrir por viver
E que a vida em si, já é mais do que motivo suficiente para sorrir...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dimensões longínquas


É como se, entre cada segundo do dia, houvesse uma pausa...
A vida fica suspensa.
Congelada e descongelada.
São imperceptíveis para os sentidos físicos porque estes momentos e não-momentos estão ligados num fio pelos seus pensamentos, crenças e intenções.
Preenchem os espaços, criando uma imagem completa e sem falhas.
Está a acontecer neste momento exacto, entre cada palavra que acaba de ler.

É durante todas as pausas que o futuro é forjado.
E tal como todas as coisas que piscam como um pirilampo, o tempo também o faz, e enquanto isso,
o Universo está atarefado a trabalhar, voando para a acção.
Desloca montanhas, conspira nas circunstâncias e planeia as coincidências, sem restrições nos limites da existência material, incluindo a causa e o efeito.
É aqui que reside a magia.

Cada momento físico que se sucede, reflete depois as criações do momento não-físico anterior, dependendo não daquilo que existiu no físico, mas na evolução, geralmente lenta, das suas crenças, intenções e expectativas, que atravessam ambas as realidades.

O passado pode mesmo ser reescrito e as memórias inseridas, para que nunca se perca um instante...

A próxima vez que desejar algo, use estas pausas e não o tempo e o espaço.
Não olhe para o físico, olhe para o que não se vê.
E caminhe no reino das possibilidades infinitas.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Hidden colors



"Mal transpus o portão, o parque pareceu-me imediatamente imenso e solitário. Ao entrar na sala de visitas, um silêncio tumular deslizou por entre os sofás, as cadeiras, o piano. No piano, a cabeça gigantesca do mouro já não era mais do que uma caveira. Precisava, como Beatrice sempre fizera, de a encher de flores, ou de deitar fora aquela jarra sem vida. Fui ao jardim procurar rosas e parras, mas a escuridão descera para esconder as cores e os meus dedos só encontraram espinhos."

In "A arte da alegria"
Goliarda Sapienza

Every woman dream with a prince in a white horse...


...was close this time...

Dreams come true.
Without that possibility, nature would not incite us to have them.

John Updik

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

MIZAAR


Há dentro de ti uma estrela
Porque não a deixas brilhar
Não receies cegar os outros
Nem que estes te possam cegar

Há dentro de ti uma estrela
Mesmo que a luz seja fria
Brilha tanto como as outras
E brilha de noite e de dia

(De Jorge Sousa Braga)

+*+*BOAS FESTAS A TODOS*+*+

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Check in



Estamos todos em viagem, por isso, a partida é constante.
Mas não é uma partida no verdadeiro sentido da palavra...
É mais uma chegada a outro lado.
Uma chegada aos corações e não mais partir, no verdadeiro sentido da palavra.
Assim, tornamo-nos cada vez mais completos.

Reflexos e Reflexões


"Um espelho em frente a um espelho: imagem que arranca da imagem, oh maravilha do profundo de si, fonte fechada na sua obra, luz que se faz para se ver a luz."

Herberto Hélder in "O mundo"

domingo, 20 de dezembro de 2009

Mano...


Faz hoje 7 meses que deixaste o meu mundo vazio
A dor acomoda-se aos poucos e passo a ignorá-la
como se de uma coisa banal se tratasse...
Finjo que não penso e que o pior já passou
Finjo que a tua ausência não me condiciona
Finjo que é suportável viver sem ti
mas não é...
E é por não ser, que continuo a fingir e a sorrir...
No consolo das fotos, procuro o teu olhar
O teu sorriso e a tua presença amiga
No cheiro de um cigarro,
procuro cheirar o teu perfume
que guardo nas minhas coisas mais íntimas
Esta época de Natal... é tão dolorosa...
Não quero o Natal, não quero reunir a família
Só quero que passe muito depressa
para que não dê por ele..
O tempo preguiçosamente não ajuda
As horas passam devagar
E eu fico meia zombie, entre sorrisos e lágrimas
Lembrando-me de ti
Lembrando-me de nós
E, ao mesmo tempo, querendo não lembrar...
Adoro-te mano 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Coisas que me comovem




- Gosto tanto de ti, Mãe.
- Gostas filhote? Daqui até aonde?
- Daqui até além do céu...
- E onde é o além do céu?
- É um sítio onde as pessoas não chegam, mas os sentimentos sim.




Sonhos reduzidos...


"(...) À espera que Deus me desse um sinal do seu perdão, comecei a vaguear pelos corredores, pelas arcadas, pelo jardim. Tinha-me parecido imenso, aquele jardim, quando o atravessava a correr para não perder uma única palavra nova, um adjectivo, uma nota. Agora, como nos sonhos, tinha-te reduzido a um espaço mísero, acanhado. (...) Já não tinha fome. Tinha apenas saudades do sorriso (...)"
In " A arte da alegria" de Goliarda Sapienza

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

You've got a friend... B E A U T I F U L

Poesia em movimento



Não deixes que ninguém te desencoraje
E faças o que fizeres, não pares de dançar...
Não saias de cena, como a pequenina
Que por vergonha, medo ou qualquer outra coisa
Escapa-se do cenário...
Se se dissecasse os movimentos
E os observassem, sem prestar atenção ao resto da dança,
Os que dançam pareceriam idiotas chapados...
Mas quando se vê a imagem global
...é poesia em movimento.

Sonho azul


Levei-o no meu sonho azul
Azul, Azul
Da cor do céu
Levei-o comigo
Sonhou um sonho
Da cor do meu
Deitados no leito da lua
Na frescura, que tremor...

Trocava a vida toda
Pela vida deste amor
Meu Sonho Azul

Levei-o no meu sonho azul
Azul, azul
Da cor do mar
Levei-o comigo
Sonhou um sonho
De apaixonar
Deitados na noite das ilhas
Na frescura, que tremor...

Trocava a vida toda
Pela vida deste amor
Meu Sonho Azul
 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Como será o amanhã?


As perguntas estão feitas.
As respostas respondidas.
Então, porque tenho que jogar o dado?
Todos os dias são uma incerteza,
Um talvez...
Que sem ser certo
É o mais certo de todos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tudo por dizer (...em discordância)


"...nada me resta dizer. Apenas queria escrever-te. Com dedos de carvão que se desfazem em cada letra que tento despejar no papel."
Faíza Hayat
(...que saudades da revista XIS, onde a Faíza colaborava...) 

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sonhos versus pesadelos



Sonhei contigo,
embora nenhum sonho possa ter habitantes...
Imagens distorcidas e imperceptíveis
Fazem deste sonho uma confusão constante
 É verdade que o sonho poderá ter feito com que,
nesta rarefacção de ambos,
a tua presença se tornasse incólume...
Como se cada gesto do poema te restituísse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
Confundindo os teus lábios com o rebordo desta chávena de café já frio.
Então, bebo-o de um trago
E o mesmo se pode fazer ao amor
Quando entre mim e ti se instalou todo este espaço -
Terra, água, nuvens, rios e o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência da fontes.
É isto, porém,
que faz com que a solidão não seja mais do que um lugar comum...
Saber que existes aí,
Mesmo que só o silêncio me responda quando, uma vez mais, te chamo.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Amar é a ferramenta da inclusão


“Não podemos esquecer que amar e ser amado é um desejo e um direito de todos, independentemente do nível intelectual de cada um”
Frase de RODRIGUES, Cristina (2009)
In Seminário “Os afectos e a sexualidade na deficiência”
20 de Novembro de 2009

O desejo de amar e ser amado reporta-nos o pensamento para uma reflexão mais aprofundada sobre o tema, que engloba vários aspectos a nível emocional, relacional e social. Todo o ser humano quando nasce tem como característica a singularidade. Depois, pela vida fora, o convívio social e cultural, as nossas experiências e interacções outorgam-nos ainda mais estas diferenças, tornando-nos seres únicos e irrepetíveis. A necessidade de amor, de um modo particular, é a procura da felicidade. No entanto, quando esta necessidade se transforma em carência, deixa-nos vulneráveis e desequilibrados. Perante essa carência, vai diminuindo o nosso estado de receptividade pela associação do amor a vivências menos boas. Por exemplo, se nos sentirmos manipulados e pressionados perante os afectos, associamos ao amor a ideia de receber com o dever de retribuir, para além da nossa vontade, ou seja, encara-se o amor apenas como uma troca obrigatória de dar em concordância com o que se recebe, mas desprovido de verdadeiro afecto. Outro exemplo gritante será o caso de alguém com deficiência. Não é fácil a descoberta e aceitação das nossas diferenças em relação aos outros, mas sobretudo, perante nós próprios. Imagine-se o que é ser-se diferente da maioria dos que nos rodeiam e tentar encontrar o nosso lugar no mundo. O reconhecer da incapacidade tolhe a nossa imaginação e a esperança de ser amado, tal como se é. Sentimo-nos amados quando o outro nos aceita tal como somos. Portanto, dar amor é abrirmo-nos para receber o amor que o outro tem para nos dar. É dar um espaço de si para acolher o outro em seu interior. Deve a sociedade em geral, fazer uma tomada de consciência e colaborar para a integração e inclusão de todos, sem exclusão das pessoas portadoras de deficiência, e deve fazê-lo de forma natural através da aceitação, porque a deficiência não é contagiosa, mas o amor é. Devemos viver em pleno, despidos de preconceitos e tabus, encarando com naturalidade que cada um de nós encerra em si próprio um universo, sublimando a vida. Porque o amor deveria ser mesmo contagioso, proporcionando a todos ser felizes com aquilo que a vida lhes trouxe, sem culpas, sem frustrações e com a eterna convicção na felicidade.

Texto elaborado por Sara Sousa


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Adolescência


CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA
A adolescência é uma etapa muito importante na evolução do ser humano porque representa um período de transformações e de experimentações que vão no sentido da procura e da construção da identidade. É através de um processo dinâmico que a adolescência se inicia e desenrola. Começa com a puberdade (fenómeno físico e biológico) e termina com a aquisição da identidade, da autonomia e da elaboração de um projecto de vida e da integração como ser social. Biologicamente, é mais fácil definir o início da puberdade e mais difícil situar o término da adolescência, pois este baseia-se em critérios psicológicos, sociais e culturais e todos estes critérios são variáveis, mudando de caso para caso. Podemos afirmar que a adolescência varia conforme cada infância, cada fase de maturação, cada família, cada época, cada cultura e cada classe social. De uma forma genérica, esta etapa existencial, na nossa cultura actual, abrange um período entre os 12-13 anos e os 18 anos. A ambivalência deste período liga-se com as transformações globais que ocorrem no indivíduo e que tornam o adolescente de difícil compreensão para os outros e até mesmo pelo próprio. É uma fase de inquietação pois existem sentimentos antagónicos que se comparam: autonomia versus dependência, crescer versus regredir. Na nossa sociedade actual é vulgar associar-se ao conceito de adolescência um conjunto de comportamentos problemáticos e desviantes relacionados com o consumo de droga, actos de vandalismo, violência, roubo e homicídios, gravidez prematura, suicídio e outros. As estatísticas parecem validar a ideia de que a adolescência é propícia a comportamentos delinquentes e atitudes de desvio, contudo, referem-se a jovens com comportamentos de desvio, os quais constituem um problema social grave. Porém, como se tratava de estudar a delinquência juvenil, os psicólogos não tinham como objectivo a observação de jovens com comportamentos socialmente aceitáveis. A delinquência juvenil existe e merece que os adultos se preocupem com ela, mas generalizar indevidamente conduz a preconceitos sociais.

ASPECTOS AFECTIVOS
As alterações físicas levam o jovem adolescente a voltar-se para si próprio, procurando entender o que se está a passar. Alguns adolescentes fecham-se muito sobre si próprios, não comunicando com os adultos. Por vezes, escrevem um diário, isolam-se, têm devaneios para tentarem corresponder a necessidades interiores que contribuem para se conhecerem melhor a si mesmos e desenvolverem-se emocionalmente. Os pares têm uma função muito importante, pois são neles que o indivíduo pode encontrar respostas para várias inquietações e questões como o “Serei normal?”, “Como será o meu futuro” ou “Só eu sinto as coisas desta forma?”. Os modelos de identificação deixam de ser os pais para passarem a ser os jovens da mesma idade, fazendo parte de um processo de autonomia e de individualização. Por vezes, os pais são alvos de severas críticas que estão relacionadas com este processo interno – os jovens não têm a verdadeira consciência das apreciações atribuídas aos pais e, em certos casos, podem sentir um vazio enorme, desprotecção, perturbação e incompreensão dos seus afectos. Esta incompreensão de que muitas vezes se sentem vítimas, é frequentemente, uma projecção da sua própria dificuldade em se compreenderem intimamente. A sua mudança fisionómica causa grande ansiedade. O adolescente tem que assumir uma imagem sexual do seu corpo, o que nem sempre é fácil, pois têm que fazer a distinção das transformações fisiológicas com a aceitação psicológica. A forma como cada um se autopercepciona e a forma como gostam de si é muito influenciada pelo meio onde vive e pela maneira como é aceite pelos outros. Nesta sociedade actual, existe uma certa tirania sobre os jovens, criando-se estilos padrões que não se coadunam a todos os corpos e assim, nasce a necessidade de se afirmarem como diferentes e originais, que alguns jovens demonstram na forma de vestir, de falar, nas atitudes e comportamentos. Ainda de salientar que nos aspectos afectivos, existe uma fragilidade e agressividade que se manifestam em súbitas alterações de humor. São frequentes crises de choro, de euforia e de melancolia. As grandes e globais alterações causam uma tensão tal que se traduz em impulsos não controlados.

ASPECTOS INTELECTUAIS
A adolescência é uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. Segundo Piaget, no quarto estádio das Operações Formais, o adolescente domina o pensamento puro, que o faz filosofar sobre vários aspectos, conduzindo-o ao egocentrismo intelectual, que o fará sentir-se o centro do universo e as suas teorias as melhores do mundo e as únicas correctas. Uma boa forma de lhes baixar o nível do egocentrismo e, simultaneamente, enriquecer-lhe os conhecimentos, será o debate sobre temáticas actuais e interessantes, como a toxicodependência, a homossexualidade e também, por exemplo, sobre a vida política. Vai permitir-lhe partilhar e ouvir diferentes opiniões e pontos de vista. O pensamento formal vai abrir novas perspectivas e exercitá-las através da aprendizagem, da crítica e da interrogação do futuro. No desenvolvimento psicossocial, o raciocínio hipotético-dedutivo permite ajudar na escolha de opções profissionais, na escolha de caminhos e construção do futuro. Estas novas capacidades cognitivas e o exercício das mesmas, permite-lhe reflectir antes de agir e manter uma certa distância relativamente aos conflitos emocionais. Há uma necessidade de coerência nas discussões intermináveis, no questionar os problemas e os argumentos expressos que são importantes na formação de ideias próprias.

ASPECTOS SOCIO-MORAIS
Com a entrada do jovem na adolescência, inicia-se o interesse por problemas éticos e ideológicos. Gosta de debater e faz opções, construindo valores sociais próprios. Os valores normalmente defendidos com grande radicalidade são, por exemplo, a liberdade, a lealdade, a coerência e a justiça social. A consciência de um novo estatuto e papel na comunidade leva-o a exercer uma nova socialização. Quando um adolescente descobre que a sociedade não se coaduna com as aspirações e valores que defende, revolta-se e defende uma perfeição moral, expressando um grande altruísmo. A forma como se vive a adolescência não só está relacionada com a infância, como também com o meio comunitário envolvente pelas suas dimensões geográficas, económicas e socioculturais. Esta ligação origina a forma como se faz a aprendizagem da vida e como se participa na vida cívica.
Aquando da adolescência é construída uma identidade pessoal, sexual e psicossocial. Esta crise de identidades que o jovem atravessa é explicada por Erikson que diz que a constituição de grupos de pares pode assumir um modelo de identificação positivo para o adolescente, pois o grupo pode dar certezas, mas por outro lado menos positivo, pode criar dependência. O jovem constrói a sua identidade por um processo de identificação e de diferenciação. Esta é uma fase de uma certa desorientação e de confusão, de avanços e recuos, de experimentações e de afirmações do ego, tudo contribuindo para a construção da identidade.

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
A crise de identidade surge muitas vezes por diversos factores como a permanência em casa dos pais, a dependência económica e as restrições comportamentais, são entraves com que o jovem se debate quando pretende autonomizar-se, construir a sua identidade pessoal, situando-se assim num fluxo de forças contrárias que contribuem para que o jovem tenha que passar. Nesta fase pode adquirir identidades diversas: Identidade prescrita – É uma identidade que os jovens assumem quando são exteriormente direccionados, não questionando, nem resistindo, pelo contrário, aceitando passivamente os papéis que lhes são prescritos por alguém que detém autoridade sobre eles. A identidade destes jovens é, portanto, adquirida sem margem para manifestações de autonomia, sem necessidade de procurar experiências, sem hesitações nem sobressaltos, sem dificuldades, sem crises. Estes jovens evitam a ansiedade e as incertezas por que passam os que tentam encontrar-se a si próprios. Identidade difusa – O jovem entrega-se a tarefas que rapidamente abandona, experimentando sucessivos papéis, não encontrando nenhum que lhe assente bem. O sentimento de incerteza comum nos adolescentes faz com que avaliem superficialmente as alternativas e que se deixem fascinar por muitas delas, vivendo numa espécie de universo sem referências, em que as normas, valores, passado e futuro têm a marca da relatividade. O adolescente entrega-se ao presente, saltitando à cata de experiências, momentaneamente gratificantes, como se fosse desprovido de raízes, sem história, sem horizonte, sem nada a que se agarrar. Identidade adquirida – No final da adolescência, é suposto que o jovem tenha já construído uma noção a seu respeito, que apresente uma estrutura bem definida entre o seu passado, as experiências que teve e os vários papéis que desempenhou. Para que se sinta autónomo, sabendo quem é e o que deseja na vida, é necessário que sinta que os outros reconheçam a sua determinação em permanecer firme na forma de pensar, no agir, no sentir e projectar. Neste sentido, desempenha um papel fundamental, o relacionamento estabelecido com algumas pessoas que, por serem significativas, se constituíram como modelos de identificação.

MORATÓRIA PSICOSSOCIAL
No processo da construção da identidade, o jovem não fica imune a sobressaltos, paragens, hesitações e desvios de percurso. Na realidade, precisa de um período de pausa, afastando-se das pressões e exigências impostas pelo adulto. Interessa-lhe agora, experienciar a vida e as oportunidades que ela oferece, testando as suas capacidades em simultâneo. Erikson, designa por moratória psicossocial este “período de latência”, que se caracteriza por ser um período de compasso de espera, em relação aos compromissos adultos. A moratória, segundo Erikson, pode ser um período de vida boémia ou de devaneios imaginativos, de abnegação ou de extravagâncias. A moratória pode ser confundida com a difusão da identidade, dado que em ambos os casos, o adolescente parece andar sem rumo. No entanto, elas distinguem-se nas vivências subjectivas e nos objectivos prosseguidos. Na difusão da identidade, o adolescente anda sem rumo, mas não faz nada para o remediar, caracterizando-se pela fuga às responsabilidades e pela entrega ao prazer imediato. Na moratória, o jovem empenha-se na tarefa de encontrar um sentido para a sua vida; fá-lo sozinho, recusando caminhar pelas pegadas dos outros. A moratória resume-se a um período de espera que o jovem, responsavelmente, concede a si mesmo. Não se prolonga indefinidamente e a partir dela, o jovem pode construir a sua identidade ou cair na difusão.
No estado de difusão, o jovem pode aceder a uma moratória ou a uma identidade prescrita. Da identidade prescrita, é possível passar a uma fase de difusão ou de moratória. Quando o jovem adquire a sua identidade, pode entrar num estado de crise, vivendo um período de moratória ou de difusão. Assim, não se pode definir objectivamente o percurso que conduz à construção da identidade pessoal.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
A evolução da psicossexualidade é explicada por Sigmund Freud e diz que desde que nasce, o ser humano procura obter prazer através de diferentes formas e de diferentes fases que vão variando ao longo do desenvolvimento. A adolescência, segundo Freud, inicia-se no estádio genital e compreende alguns fenómenos que ocorrem depois da puberdade. A puberdade traz novas pulsões sexuais genitais e o mundo relacional do adolescente é alargado para outras pessoas exteriores à família. Este facto permite que passe por um processo de autonomia em relação aos pais idealizados, que traz o encerramento do Complexo de Édipo. Freud considera ainda que face a algumas dificuldades características da adolescência, o jovem regride a fases do desenvolvimento anteriores, recorrendo a mecanismos de defesa do ego como, por exemplo a negação do prazer através do isolamento e a racionalização, ou seja, coloca toda a sua energia em actividades do pensamento como forma de esconder aspectos emocionais.

TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO
Existem várias concepções de desenvolvimento, que decorrem de diferentes teorias. Desenvolvimento Cognitivo – JEAN PIAGET – Consiste a partir de três elementos fundamentais: a estrutura, que se refere aos aspectos biológicos; a função, que trata das tendências básicas da espécie e o conteúdo, que se refere aos dados comportamentais. Para Piaget, o conhecimento é gerado através de uma interacção do sujeito com o seu meio, a partir de estruturas existentes no sujeito. Assim sendo, a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito, como da sua relação com os objectos. Piaget subdivide o desenvolvimento intelectual em quatro estádios e a adolescência enquadra-se no estádio das operações formais (dos 11/12 anos aos 15/16 anos).
Desenvolvimento Psicossocial – ERIK ERIKSON – Discípulo de Freud, Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interacção da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são necessárias mas é essencial que se sobreponha a positiva. Propõe oito estádios de desenvolvimento tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais. O estádio relativo à adolescência é o da 5ª idade – Adolescente (12 - 18/20 anos) cujo conflito é Identidade versus Difusão/Confusão e a virtude é Lealdade ou Fidelidade.
Desenvolvimento de Maturação – ARNOLD GESELL – analisou o comportamento infantil através de filmagens e fotografias, nas quais as crianças foram observadas em idades diferentes, estabelecendo pela primeira vez um desenvolvimento intelectual por etapas, semelhante ao seu desenvolvimento físico. Gesell e os seus colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações nervosa, muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.
Desenvolvimento Psicossexual – SIGMUND FREUD – Conhecido como o pai da psicanálise, para Freud o desenvolvimento humano e a constituição da mente explicam-se pela evolução da psicossexualidade. Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica sobre o desenvolvimento é a existência de uma sexualidade infantil que é sentida através de pulsões. A adolescência é um período singular em que se vivem experiências e encaram-se questões que nunca antes se tinham colocado e que dificilmente se repetem. A mudança, a transformação, a alteração são palavras-chave para caracterizar esta etapa e as modificações são a todos os níveis. O adolescente muda fisicamente assumindo novas formas de um corpo adulto, adquire novas capacidades intelectuais, nomeadamente no pensamento que passa de concreto para abstracto e dá-se inicio ao pensamento puro que traz a capacidade de pensar em hipóteses ou em conceitos abstractos. Esta nova capacidade, leva-o a reflectir e manifesta-se pelo egocentrismo intelectual. O adolescente considera-se apto a resolver todos os problemas e considera também que as suas ideias são, sem dúvida, as melhores. Ele actua como se os outros e o mundo, se tivessem que organizar em função dos seus pontos de vista, apresentando e defendendo as suas convicções pelo pensamento lógico-argumentativo, como foi salientado por Piaget. É também na adolescência que as relações com os pais se transformam no sentido de uma maior autonomia e os pares passam a constituir um ponto de referência e de identificação importante. O jovem inicia o envolvimento em relações de intimidade e partilha, criando uma nova forma de relacionamento e Freud define cinco estádios do desenvolvimento psicossexual, no qual o estádio genital (depois da puberdade) é o que corresponde à adolescência.

Texto elaborado por Sara Sousa


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Se houvesse degraus na terra...


Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder
(Faz hoje 79 anos)

domingo, 22 de novembro de 2009

Nem tudo é fácil...


É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer alguém triste.
É difícil dizer amo-te, assim como é fácil não dizer nada...
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil vermos o que a vida nos traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e adormecer...
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer alguém chorar.
É difícil colocarmo-nos no lugar de alguém, assim como é fácil olharmos sempre para o nosso umbigo.
Se erraste, pede desculpas... É difícil pedir perdão?
Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou contigo, perdoa... É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil arrepender-se?
Se sentes algo, di-lo... É difícil abrires-te?
Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que te queira escutar?
Se alguém te diz algo menos bom, ouve... É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir-te a ti?
Se alguém te ama, ama-o... É difícil entregares-te?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?

Nem tudo é fácil na vida...
Mas nada é impossível...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Shiiiiiiiu!










Proposta de Trabalho


Foi proposto, no âmbito do módulo de Cultura, Língua e Comunicação – Culturas de Urbanismo e Mobilidade, um projecto que vise a criação de uma escola ideal, tendo em conta a sua construção e arquitectura; ruralidade ou urbanidade; administração, segurança e território; as mobilidades locais e globais, a multiculturalidade e a Língua Portuguesa como Património Nacional e Agente de Cultura.

O PROJECTO
A criação do meu ideal de escola, "O PALÁCIO DOS SONHOS", será planeada tendo em atenção vários aspectos que pretendo desenvolver:

 Valência de CRECHE – Esta escolha baseia-se no facto de este poder ser um espaço que desenvolverá as crianças na sua primeira infância, o que será uma referência para o seu futuro escolar. Considero muito importante que este sítio, fisicamente, possa proporcionar vários estímulos positivos, que façam com que a criança se sinta bem dentro desta comunidade. Esta escola irá acolher 60 crianças até aos 3 anos de idade. Toda a área é espaçosa e terá uma recepção, dois berçários com capacidade para oito bebés cada um, duas copas para cada berçário, quatro salas com capacidade para onze crianças cada uma, uma sala de isolamento, duas casas de banho infantis, duas casas de banho para adultos (uma feminina e outra masculina), e dispensa, balneário das funcionárias, sala de pausa, refeitório, cozinha, escritório da Coordenadora Pedagógica, sala de reuniões, espaço amplo de recreio interior, espaço amplo de recreio exterior equipado com divertimentos adequados ao tamanho e idade das crianças, piso adequado e ecológico. Serão assegurados extintores em diversos pontos e câmaras de vigilância.
A criação da escola irá proporcionar inúmeros postos de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento económico da área envolvente.

 Modelo Pedagógico High-Scope – O modelo Pedagógico High-Scope, tem como orientação a aprendizagem activa, o ambiente físico e os horários e rotinas, ou seja, há que reflectir para a organização dos espaços e do tempo, embora se dê mais ênfase à pedagogia de participação, através de uma grande interacção entre o adulto e a criança, tendo como resultado, uma melhor verificação de quais são as principais dificuldades de cada criança.
A aprendizagem activa diz-nos que é desde o nascimento que os bebés aprendem, através das relações que estabelecem com os outros e através das explorações que fazem com os materiais do seu quotidiano. A relação que estabelece com os materiais, vem muito do 1º estádio piagetiano, o sensório-motor, onde a inteligência é organizada em esquemas de acção e onde a criança se serve de percepções e movimentos para compreender o mundo pelo uso, com o que vê e com o que sente.
Se esta aprendizagem activa é o conceito-chave do High-Scope, podemos perceber que é direccionado a crianças na valência de creche, pela idade em que estes conceitos são adquiridos - entre o nascimento aos dois anos.
Neste modelo pedagógico é dado grande interesse à amplitude do espaço, que deve ser amplo e com a existência de muita luz natural. O espaço central é muito importante para que as crianças possam alargar as suas brincadeiras.
Outro ponto curioso é que os materiais devem ser arrumados de forma visível e acessível à criança, para esta trabalhar a sua independência.

 Área de Envolvimento – A escola será inserida em zona urbana, por diversos motivos. Uma escola integrada na massa urbana permite a proximidade, não só com a família e com a sua habitação (logo, uma mobilidade mais fácil), como também com o Hospital, Bombeiros, Centro de Saúde, Polícia, que trarão um conforto ao nível da segurança que o meio rural não permite, na maior parte das vezes. Embora o urbanismo moderno traga também perigos acrescidos, como o excesso populacional, excesso de tráfego e desequilíbrios sociais, penso que uma escola bem inserida e bem arquitectada pode proporcionar um oásis no meio da metrópole. Outra vantagem no meio urbano é a facilidade de acesso aos vários transportes públicos urbanos (comboio, autocarro, mini autocarro, metro e outros). A cidade está no centro de tudo – uma ida ao teatro, ao oceanário ou ao cinema, são feitas com uma facilidade acrescida, proporcionada pela proximidade.

 Pública vs Privada - Esta escola é idealizada em serviço público. As escolas públicas, em termos sociais, têm as suas vantagens – a multiculturalidade, que se traduz numa maior facilidade na integração de imigrantes, de culturas, de religiões e etnias diferentes da nossa, visando a utilização e divulgação da Língua Portuguesa. Para além disso, o meu conceito de escola ideal passa por este, ser um serviço público e gratuito. A educação inicia-se desde cedo e, quanto melhor for a influência dessa mesma educação, melhores cidadãos e indivíduos teremos no futuro. É nesse investimento de futuro, que o Estado deve providenciar medidas e apoios para que, cada vez mais, as escolas se centrem em formar pessoas, contribuindo para uma sociedade mais culta, com princípios cívicos e humanos cada vez maiores. Ainda de salientar que, menores desequilíbrios entre os vários extractos sociais (convivência entre as várias classes), permitem comunidades mais equilibradas, mais justas e sem conceitos elitistas.

 Localização – Lisboa – Parque das Nações. Esta escolha vem no sentido das vantagens desta localização – proximidade com interface de vários transportes públicos, imediação de várias zonas de segurança pública e de saúde, proximidade de zonas com atractivas áreas verdes e espaços amplos que permitem um maior contacto entre as crianças e o meio envolvente, tendo a vantagem de ter como cenário o rio Tejo, contribuindo assim para uma maior reconciliação entre o ser humano e a natureza (o que vai rareando nas sociedades urbanas modernas). Esta área envolvente é dotada de vários parques infantis, apelando ao convívio e à salutar diversão ao ar livre, tão apreciada pelas crianças.

 Arquitectura, Construção e o Meio envolvente – Sendo o Parque das Nações uma zona nova, dotada de infra-estruturas recentes e beneficiando de um bom serviço de telecomunicações, distribuição de águas e energia, pode-se ainda assim, optar pela construção de raiz de uma escola o mais auto-sustentável possível, viabilizando uma autonomia à escala energética, poupando os recursos do planeta e dando preferência aos materiais ecológicos e naturais da região, como o calcário, a argila, o mármore e a madeira. Numa arquitectura moderna, podemos integrar painéis solares e sistemas eólicos para o conforto das instalações, beneficiando do espaço amplo existente no local. Esta escola terá uma construção envolvida em vastos espaços verdes autóctones, contribuindo assim para uma qualidade de vida didáctica pelo contacto com a natureza. Aqui as crianças têm oportunidade de sair para o exterior e contemplarem jardins, lagos, zonas de repouso e lazer e também a prática de diversos desportos, pois a zona é apelativa a isso e interiorizarem, desde cedo, a sua importância.
Em termos de tipologia da arquitectura, esta escola terá um conceito arquitectónico moderno, com linhas rectas, confluindo harmoniosamente com as construções existentes em seu redor.
A arquitectura moderna da Creche caracteriza-se pela ausência de símbolos ornamentais e apela ao sentido da economia e da utilidade, sendo preponderante a ligação da utilidade com o prático.

 Gestão dos espaços – Os espaços relativos à Creche, terão em conta que esta escola se dirige a crianças pequenas (até aos 3 anos) e, que por isso, as divisões dos espaços têm que ser amplas e bem percepcionadas para que as crianças possam ser deslocadas facilmente, sem grandes complicações, aos espaços comuns. A maioria das escolas tradicionais desmotiva a interacção social dentro da escola e, muitas vezes, é tida por ser uma “distracção”, mas este projecto está direccionado para ter espaços de interacção comuns, estimulando as crianças ao convívio, seguindo e incutindo sempre as regras e limites relacionadas com o bom relacionamento.
Assim sendo, haverá um espaço central relativo aos espaços comuns, como o refeitório, o recreio interior e o edifício será projectado numa curvatura em torno desse círculo comum com as salas e berçários, as salas de trabalho e de pausa, gabinetes e salas de reunião e recepção. Todos estes espaços são harmoniosamente dispostos, visando uma fácil mobilidade dentro da instituição e dotados de luz natural, através de uma clarabóia no tecto no recreio interior e revestido por algumas paredes e janelas de vidro inquebrável à volta de todas as salas e berçários.
Seguindo o Plano Director Municipal (PDM), a Creche será projectada, segundo um modelo de estrutura espacial do território municipal da área de Lisboa. Este procedimento é obrigatório e tem como principais objectivos promover um sistema de planeamento, sustentado com a organização da rede geral de equipamentos e infra-estruturas. Inclui-se neste plano a rede verde municipal, através de políticas de desenvolvimento económico e social e tendo em conta a valorização do património cultural e natural, a requalificação urbanística e o apoio a novos investimentos e participação pública.

 Cultura – O projecto educativo é um projecto do estabelecimento de ensino e é comum a todas as valências. Neste caso, a Creche teria o seu projecto educativo composto por um regulamento interno, onde se estabelecem as regras e deveres próprios a esta valência; pelo plano de intervenção, que é feito para que cada sala trabalhe os temas e actividades, conforme se achar pertinente e ainda pelo plano anual de actividades, lista que engloba os temas que vão ser abordados, festejados e agendados.
É dentro deste projecto educativo que pretendo falar em cultura, pois será projectada em todos os planos por ele abrangidos. A educação é um dos principais veículos de socialização e de promoção de desenvolvimento individual. Inserindo-se num contexto histórico, social e cultural mais amplo, os sistemas educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedades e que esta quer transmitir. É neste sentido que se pode falar, de uma forma global, de uma cultura que se cria e preserva através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade e, especificamente, numa cultura escolar – num conjunto de aspectos transversais que caracterizam a escola como instituição.
A educação tem como finalidade promover mudanças desejáveis e estáveis nos indivíduos, que favorecem o desenvolvimento integral do Homem em sociedade. Não havendo educação que não esteja imersa em cultura, tendo em conta o próprio momento histórico em que nos situamos, não se podem conceber experiências pedagógicas e metodológicas organizacionais, promotoras dessas modificações, de modo “desculturalizado”.
Sendo assim, a educação e as aprendizagens são processos contíguos que acompanham, assistem e marcam o desenvolvimento de cada ser e envolvem a preservação e a transmissão da herança cultural. Deduz-se por isto, a importância que o sistema educativo assume na socialização e perpetuação da cultura.
A minha Creche ideal é uma instituição, que em primeira linha, irá contribuir na constituição de valores que indicam os rumos assertivos e culturais, pelos quais a sociedade trilhará o seu caminho no futuro.

sábado, 17 de outubro de 2009

Modelos Pedagógicos de Educação



Introdução
Antigamente, não havia a consciência de que a criança necessitava de uma atenção especial e diferenciada na sua educação, sendo que a responsabilidade da criança era atribuída às mães e a criança era vista como uma cópia do adulto, à qual não era dada a devida importância ao seu desenvolvimento e ao seu processo de aprendizagem.
Os antigos gregos foram os pioneiros em termos de educação às crianças, sendo que os rapazes eram entregues à educação militar e as raparigas permaneciam sob a tutela da mãe, aprendendo as várias tarefas domésticas.
Mais tarde, por volta do século XVI e XVII houve um despertar para a necessidade da educação da criança como ser social e não apenas como parte de um grupo familiar.
Surgiram os chamados precursores da educação pré-escolar e ao longo dos anos, esta educação foi evoluindo, conforme as necessidades da criança, acompanhando a própria evolução da sociedade e a evolução dos estudos feitos nesse sentido.
Dois desses precursores deram origem a dois modelos pedagógicos, que se destacaram e que, actualmente, são os mais utilizados.
Um desses modelos é o High-Scope, que tem as suas origens na teoria de Jean Piaget, que se centra no desenvolvimento cognitivo, na interacção com os objectos e com os outros pares ou adultos e tem como principal preocupação a autonomia intelectual da criança.
Outro modelo pedagógico que se utiliza frequentemente é o MEM (Movimento de Escola Moderna) e teve as suas raízes em Celestin Freinet. Esta influência centrava-se na criança como ser social e este defendia que a educação não deve ser só por transmissão, nem só pelas descobertas que a criança faz. A escola por ele concebida deveria ser activa e dinâmica. Este modelo tem como chave a participação das crianças na organização do trabalho em sala e nos registos escritos, que se fazem a partir do que a criança faz ou diz. Tem como preferência grupos heterogéneos para que se garanta o respeito pelas diferenças individuais e pela democratização, para que haja um enriquecimento cognitivo e sociocultural.

De acordo com as características das crianças de creche e as das de Jardim de Infância, qual destes modelos pedagógicos se adequa melhor a cada uma destas valências?
O modelo MEM é mais adequado à valência de Jardim de Infância, enquanto que o modelo High-Scope pode adequar-se a ambas as valências, embora existam muitas características direccionadas apenas à creche.

Justifique
O MEM adequa-se melhor ao ensino pré-escolar pelas suas características. Este assenta a sua educação na organização dos espaços, nos mapas de registo e na organização do tempo, procurando que estes parâmetros sejam um treino para um sistema democrático.
Dá preferência aos grupos heterogéneos que é indicador que se aplica melhor ao jardim-de-infância, onde as salas poderão ter crianças dos 3 aos 5 anos, enquanto que na creche, as salas têm grupos de crianças da mesma idade, não havendo essa hipótese de escolha heterogénea.
Este modelo também aposta nas oficinas ou ateliers, que permitem que a criança possa exprimir-se em diferentes áreas como a biblioteca, a oficina de escrita, as actividades plásticas, a oficina de carpintaria, o laboratório de ciências, o canto dos brinquedos, a cozinha (que pode ser exterior à sala) e uma área polivalente, onde se fazem os encontros do grande grupo. Evita-se, o mais possível, que estes espaços sejam infantilizados, devendo aproximarem-se o mais possível à realidade dos adultos. Estas áreas são aplicadas a crianças dos 3 aos 5 anos, pela exploração e pela maturação que a criança tem que ter atingida, para poder fazer plenamente essa mesma descoberta. Também em termos de maturação e para poder interrogar-se sobre as coisas, este modelo é aplicável ao jardim-de-infância, pois é através das actividades que a criança faz, que ela, posteriormente, irá interpor outras questões, que poderão desencadear outros projectos auto-propostos ou provocados pelo educador.
Depois, ainda podemos analisar os mapas de registo que, em tudo, nos indicam que se dirigem a crianças na faixa etária do pré-escolar, por exemplo, para preenchermos o diário de grupo, a lista semanal de projectos e o quadro de tarefas, a criança tem que ter um prévio conhecimento de si mesmo, ou já ter iniciado esse processo, para saber o que gosta e o que não gosta. Para poder propor projectos, também tem que ter um prévio conhecimento do mundo e do que se pode explorar. Para ser o responsável diário por determinadas tarefas, a criança também tem que ter já interiorizado o conceito de responsabilidade, e todas estes itens são só aplicáveis ao jardim-de-infância e não à creche.
O modelo High-Scope, tal como o MEM, são construtivistas e têm como orientações a aprendizagem activa, o ambiente físico e os horários e rotinas, ou seja, ambos têm que reflectir para a organização dos espaços e do tempo, embora o High-Scope dê mais ênfase à pedagogia de participação, através de uma grande interacção entre o adulto e a criança, tendo como resultado, uma melhor verificação de quais são as principais dificuldades de cada criança. Não há uma grande exigência em relação à responsabilidade da criança na gestão do trabalho de sala, como acontece no MEM. Aqui dá-se enfoque à aprendizagem activa. Esta aprendizagem diz-nos que é desde o nascimento que os bebés aprendem, através das relações que estabelecem com os outros e através das explorações que fazem com os materiais do seu quotidiano. A relação que estabelece com os materiais, vem muito do 1º estádio piagetiano, o sensório-motor, onde a inteligência é organizada em esquemas de acção e onde a criança se serve de percepções e movimentos para compreender o mundo pelo uso, com o que vê e com o que sente.
Se esta aprendizagem activa é o conceito-chave do High-Scope, podemos perceber que é direccionado a crianças na valência de creche, pela idade em que estes conceitos são adquiridos - entre o nascimento e os dois anos.
Neste modelo pedagógico é dado grande interesse à amplitude do espaço, pelo que deve ser amplo e apenas existir nos cantos da sala, centros de interesse (como a área da casa, a área da construção, a biblioteca e a expressão plástica, sendo que estas duas últimas, devem ser localizadas onde exista luz natural), mas o espaço central é muito importante para que as crianças possam alargar as suas brincadeiras.
Também em relação aos materiais, existe um ponto relevante, que se adequa muito bem às crianças de creche, que é o facto dos materiais existentes em sala serem, apenas, em número suficiente e adequado às actividades individuais e de grupo, sendo que serão adicionados outros, pontualmente. Esta é uma característica de creche, para que a atenção possa ser focada e não dispersa. Outro ponto curioso é que os materiais devem ser arrumados de forma visível e acessível à criança, para esta trabalhar a sua independência.

Conclusão
A análise das várias componentes de um e outro modelo pedagógico, leva-nos a concluir que ambos têm pontos de grande interesse pedagógico e que um se aplica melhor a uma idade e outro, a outra idade.
Apercebemo-nos ainda da grande expansão e desenvolvimento da educação quer em creche, quer em Jardim-de-Infância e que, cada vez mais, a educação na primeira infância é considerada a grande base educativa e que se articula com o ensino básico, havendo uma preparação nesse sentido.
Os vários modelos pedagógicos têm objectivos pertinentes que promovem o desenvolvimento da criança e por isso, actualmente, é considerado importante que as crianças frequentem a creche e o jardim-de-infância porque é através dessas valências que se desenvolvem competências e destrezas, aprendem-se normas, regras e valores que enriquecem o sentido cívico da criança e assegura o seu futuro na escola e na sociedade.

Elaborado por Sara Sousa

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Acompanhamento de crianças em Creche e Jardim de Infância


O acompanhamento de crianças exige de nós grande poder de dádiva, de responsabilidade e de coerência.
Partilho aqui os 10 pontos que considero mais importantes para quem ocupa este cargo.

DAR AFECTO
É muito importante que a criança sinta que gostam dela, para que se criem laços e para que esta se sinta num ambiente de segurança, cumplicidade e amizade. Todos os outros factores são influenciados por este sendo que, na minha opinião, esta é a grande base para que todos os outros, mais facilmente se conquistem. Um abraço, um carinho ou um beijinho – o contacto físico – vai reforçar a demonstração de afecto que deve ser sempre acompanhada de respeito pela criança.

ESTIMULAR A CRIANÇA AO NÍVEL DA RESPONSABILIDADE

Este ponto não deve ser esquecido para que a conduta da criança seja baseada na responsabilização pelas suas acções, pelos seus pertences, pela sua sala, pelo seu meio. Neste campo, o papel da técnica, será ensiná-la e orientá-la para que tome conta do que é seu (da sua mochila, do seu casaco, da lancheira, do seu material) e ensiná-la também a responsabilizar-se pela sua integridade física e pela dos outros Neste ponto, penso que também cabe a aprendizagem do respeito pelos colegas e pelas restantes pessoas, chamando-a à atenção sempre que isso não suceda, ensinando-a, orientando-a e fazendo-a reflectir para o que é correcto e assertivo.

APRENDER A DIZER NÃO
Esta aprendizagem engloba vários aspectos. O adulto que aprende a dizer não à criança, justificando o porquê dessa resposta, irá fazer com que a criança compreenda, e aprenda também, a justificar os seus motivos sempre que, também, diga não a alguém. Ajudá-los à reflexão, vai ajudá-los a ver as coisas por outras perspectivas. Sempre que aconteça a situação de dizermos não e mais tarde, pensarmos que afinal deveríamos ter dito que sim, devemos redimirmo-nos e explicar porque o fizemos.
De salientar também, que as crianças têm que aprender a lidar com as próprias frustrações à negação de algo, para que, mais tarde, possam enfrentar, com maior resistência, as dificuldades com que se possam deparar.

OBEDECER A REGRAS / IMPOR LIMITES
As regras devem ser impostas quando existe um conhecimento do grupo para que estas possam ser dirigidas especificamente aquele grupo e para que possam ser executáveis. Estas devem ser cumpridas por todos e o impor limites vem no seguimento da aplicação de regras, ensinando-os que a nossa liberdade termina onde começa a do outro. Devemos ajudar a criança nesse processo de conhecimento e mais do que tudo, dar o exemplo.

ENSINAR JOGOS E MÚSICAS
Através dos jogos e músicas podemos estimular a comunicação, a sociabilização e ainda a linguagem. As cadências e os ritmos musicais favorecem a que falem mais fluentemente e para os mais tímidos é uma boa fórmula para que se desinibam. Devemos, por isso, usá-los com frequência, pois para além disso, é um momento lúdico que as crianças apreciam.

ESTIMULAR A CRIATIVIDADE
Podemos estimular a criatividade através da leitura de uma história, fazendo com que imaginem sem o suporte das imagens, através do desenho, de jogos de faz de conta e através de conversas de grupo que os levem a pensar e sobretudo a imaginar.

ACOMPANHAR NAS BRINCADEIRAS Devemos acompanhá-los nas brincadeiras através da supervisão das mesmas ou incluirmo-nos nelas, sempre que sejamos solicitadas. A supervisão, muitas vezes, deverá ser subtil, para que a criança não se aperceba que está a ser vigiada e que, com isso, fique constrangida. Também devemos ter especial atenção a situações em que a criança solicite a nossa presença nas brincadeiras porque não consegue brincar sozinho, ou não consegue juntar-se em pares. Aí, o nosso procedimento terá que ser o de estimular e incentivar à partilha das brincadeiras com os outros.


ESCLARECER AS DÚVIDASA curiosidade das crianças não tem fim e é possível que haja alguma ocasião em que não saibamos responder correctamente às suas questões. Sempre que não haja a certeza (ou mesmo desconhecimento) na resposta, devemos dizer-lhe que vamos procurar saber o que perguntou e que no dia seguinte lhe respondemos e claro, cumprir a promessa.

CUIDAR DA SAÚDE
Penso que é muito importante saber como agir em caso de doença ou acidente, pois considero que é uma área de enorme responsabilidade e sobretudo, porque há situações em que se não houver um pré-socorro correcto, podem acontecer lesões ou outras situações. Como técnica, há que obter informações, dadas pelos pais, o mais precisas possíveis sobre o que fazer, face a diversas problemáticas que possam surgir, como febre, por exemplo e deve-se sempre avisar os pais da criança em situação de doença.

FAZER A SOCIALIZAÇÃO
Este ponto será o culminar de todas as outras aprendizagens e visto que a criança está em constante evolução, vai-se tornando cada vez mais num ser social e o nosso objectivo profissional é que a criança goze dessa sociabilização, respeitando os outros, tirando partido de todos os estímulos que foram explorados e que se sinta em casa, dentro da instituição. A postura da profissional deverá assentar no prazer de trabalhar com crianças e poder dar o máximo para que, o desenvolvimento das suas crianças sejam elevado ao seu expoente máximo.


Texto elaborado por Sara Sousa


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