sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Proposta de Trabalho


Foi proposto, no âmbito do módulo de Cultura, Língua e Comunicação – Culturas de Urbanismo e Mobilidade, um projecto que vise a criação de uma escola ideal, tendo em conta a sua construção e arquitectura; ruralidade ou urbanidade; administração, segurança e território; as mobilidades locais e globais, a multiculturalidade e a Língua Portuguesa como Património Nacional e Agente de Cultura.

O PROJECTO
A criação do meu ideal de escola, "O PALÁCIO DOS SONHOS", será planeada tendo em atenção vários aspectos que pretendo desenvolver:

 Valência de CRECHE – Esta escolha baseia-se no facto de este poder ser um espaço que desenvolverá as crianças na sua primeira infância, o que será uma referência para o seu futuro escolar. Considero muito importante que este sítio, fisicamente, possa proporcionar vários estímulos positivos, que façam com que a criança se sinta bem dentro desta comunidade. Esta escola irá acolher 60 crianças até aos 3 anos de idade. Toda a área é espaçosa e terá uma recepção, dois berçários com capacidade para oito bebés cada um, duas copas para cada berçário, quatro salas com capacidade para onze crianças cada uma, uma sala de isolamento, duas casas de banho infantis, duas casas de banho para adultos (uma feminina e outra masculina), e dispensa, balneário das funcionárias, sala de pausa, refeitório, cozinha, escritório da Coordenadora Pedagógica, sala de reuniões, espaço amplo de recreio interior, espaço amplo de recreio exterior equipado com divertimentos adequados ao tamanho e idade das crianças, piso adequado e ecológico. Serão assegurados extintores em diversos pontos e câmaras de vigilância.
A criação da escola irá proporcionar inúmeros postos de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento económico da área envolvente.

 Modelo Pedagógico High-Scope – O modelo Pedagógico High-Scope, tem como orientação a aprendizagem activa, o ambiente físico e os horários e rotinas, ou seja, há que reflectir para a organização dos espaços e do tempo, embora se dê mais ênfase à pedagogia de participação, através de uma grande interacção entre o adulto e a criança, tendo como resultado, uma melhor verificação de quais são as principais dificuldades de cada criança.
A aprendizagem activa diz-nos que é desde o nascimento que os bebés aprendem, através das relações que estabelecem com os outros e através das explorações que fazem com os materiais do seu quotidiano. A relação que estabelece com os materiais, vem muito do 1º estádio piagetiano, o sensório-motor, onde a inteligência é organizada em esquemas de acção e onde a criança se serve de percepções e movimentos para compreender o mundo pelo uso, com o que vê e com o que sente.
Se esta aprendizagem activa é o conceito-chave do High-Scope, podemos perceber que é direccionado a crianças na valência de creche, pela idade em que estes conceitos são adquiridos - entre o nascimento aos dois anos.
Neste modelo pedagógico é dado grande interesse à amplitude do espaço, que deve ser amplo e com a existência de muita luz natural. O espaço central é muito importante para que as crianças possam alargar as suas brincadeiras.
Outro ponto curioso é que os materiais devem ser arrumados de forma visível e acessível à criança, para esta trabalhar a sua independência.

 Área de Envolvimento – A escola será inserida em zona urbana, por diversos motivos. Uma escola integrada na massa urbana permite a proximidade, não só com a família e com a sua habitação (logo, uma mobilidade mais fácil), como também com o Hospital, Bombeiros, Centro de Saúde, Polícia, que trarão um conforto ao nível da segurança que o meio rural não permite, na maior parte das vezes. Embora o urbanismo moderno traga também perigos acrescidos, como o excesso populacional, excesso de tráfego e desequilíbrios sociais, penso que uma escola bem inserida e bem arquitectada pode proporcionar um oásis no meio da metrópole. Outra vantagem no meio urbano é a facilidade de acesso aos vários transportes públicos urbanos (comboio, autocarro, mini autocarro, metro e outros). A cidade está no centro de tudo – uma ida ao teatro, ao oceanário ou ao cinema, são feitas com uma facilidade acrescida, proporcionada pela proximidade.

 Pública vs Privada - Esta escola é idealizada em serviço público. As escolas públicas, em termos sociais, têm as suas vantagens – a multiculturalidade, que se traduz numa maior facilidade na integração de imigrantes, de culturas, de religiões e etnias diferentes da nossa, visando a utilização e divulgação da Língua Portuguesa. Para além disso, o meu conceito de escola ideal passa por este, ser um serviço público e gratuito. A educação inicia-se desde cedo e, quanto melhor for a influência dessa mesma educação, melhores cidadãos e indivíduos teremos no futuro. É nesse investimento de futuro, que o Estado deve providenciar medidas e apoios para que, cada vez mais, as escolas se centrem em formar pessoas, contribuindo para uma sociedade mais culta, com princípios cívicos e humanos cada vez maiores. Ainda de salientar que, menores desequilíbrios entre os vários extractos sociais (convivência entre as várias classes), permitem comunidades mais equilibradas, mais justas e sem conceitos elitistas.

 Localização – Lisboa – Parque das Nações. Esta escolha vem no sentido das vantagens desta localização – proximidade com interface de vários transportes públicos, imediação de várias zonas de segurança pública e de saúde, proximidade de zonas com atractivas áreas verdes e espaços amplos que permitem um maior contacto entre as crianças e o meio envolvente, tendo a vantagem de ter como cenário o rio Tejo, contribuindo assim para uma maior reconciliação entre o ser humano e a natureza (o que vai rareando nas sociedades urbanas modernas). Esta área envolvente é dotada de vários parques infantis, apelando ao convívio e à salutar diversão ao ar livre, tão apreciada pelas crianças.

 Arquitectura, Construção e o Meio envolvente – Sendo o Parque das Nações uma zona nova, dotada de infra-estruturas recentes e beneficiando de um bom serviço de telecomunicações, distribuição de águas e energia, pode-se ainda assim, optar pela construção de raiz de uma escola o mais auto-sustentável possível, viabilizando uma autonomia à escala energética, poupando os recursos do planeta e dando preferência aos materiais ecológicos e naturais da região, como o calcário, a argila, o mármore e a madeira. Numa arquitectura moderna, podemos integrar painéis solares e sistemas eólicos para o conforto das instalações, beneficiando do espaço amplo existente no local. Esta escola terá uma construção envolvida em vastos espaços verdes autóctones, contribuindo assim para uma qualidade de vida didáctica pelo contacto com a natureza. Aqui as crianças têm oportunidade de sair para o exterior e contemplarem jardins, lagos, zonas de repouso e lazer e também a prática de diversos desportos, pois a zona é apelativa a isso e interiorizarem, desde cedo, a sua importância.
Em termos de tipologia da arquitectura, esta escola terá um conceito arquitectónico moderno, com linhas rectas, confluindo harmoniosamente com as construções existentes em seu redor.
A arquitectura moderna da Creche caracteriza-se pela ausência de símbolos ornamentais e apela ao sentido da economia e da utilidade, sendo preponderante a ligação da utilidade com o prático.

 Gestão dos espaços – Os espaços relativos à Creche, terão em conta que esta escola se dirige a crianças pequenas (até aos 3 anos) e, que por isso, as divisões dos espaços têm que ser amplas e bem percepcionadas para que as crianças possam ser deslocadas facilmente, sem grandes complicações, aos espaços comuns. A maioria das escolas tradicionais desmotiva a interacção social dentro da escola e, muitas vezes, é tida por ser uma “distracção”, mas este projecto está direccionado para ter espaços de interacção comuns, estimulando as crianças ao convívio, seguindo e incutindo sempre as regras e limites relacionadas com o bom relacionamento.
Assim sendo, haverá um espaço central relativo aos espaços comuns, como o refeitório, o recreio interior e o edifício será projectado numa curvatura em torno desse círculo comum com as salas e berçários, as salas de trabalho e de pausa, gabinetes e salas de reunião e recepção. Todos estes espaços são harmoniosamente dispostos, visando uma fácil mobilidade dentro da instituição e dotados de luz natural, através de uma clarabóia no tecto no recreio interior e revestido por algumas paredes e janelas de vidro inquebrável à volta de todas as salas e berçários.
Seguindo o Plano Director Municipal (PDM), a Creche será projectada, segundo um modelo de estrutura espacial do território municipal da área de Lisboa. Este procedimento é obrigatório e tem como principais objectivos promover um sistema de planeamento, sustentado com a organização da rede geral de equipamentos e infra-estruturas. Inclui-se neste plano a rede verde municipal, através de políticas de desenvolvimento económico e social e tendo em conta a valorização do património cultural e natural, a requalificação urbanística e o apoio a novos investimentos e participação pública.

 Cultura – O projecto educativo é um projecto do estabelecimento de ensino e é comum a todas as valências. Neste caso, a Creche teria o seu projecto educativo composto por um regulamento interno, onde se estabelecem as regras e deveres próprios a esta valência; pelo plano de intervenção, que é feito para que cada sala trabalhe os temas e actividades, conforme se achar pertinente e ainda pelo plano anual de actividades, lista que engloba os temas que vão ser abordados, festejados e agendados.
É dentro deste projecto educativo que pretendo falar em cultura, pois será projectada em todos os planos por ele abrangidos. A educação é um dos principais veículos de socialização e de promoção de desenvolvimento individual. Inserindo-se num contexto histórico, social e cultural mais amplo, os sistemas educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedades e que esta quer transmitir. É neste sentido que se pode falar, de uma forma global, de uma cultura que se cria e preserva através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade e, especificamente, numa cultura escolar – num conjunto de aspectos transversais que caracterizam a escola como instituição.
A educação tem como finalidade promover mudanças desejáveis e estáveis nos indivíduos, que favorecem o desenvolvimento integral do Homem em sociedade. Não havendo educação que não esteja imersa em cultura, tendo em conta o próprio momento histórico em que nos situamos, não se podem conceber experiências pedagógicas e metodológicas organizacionais, promotoras dessas modificações, de modo “desculturalizado”.
Sendo assim, a educação e as aprendizagens são processos contíguos que acompanham, assistem e marcam o desenvolvimento de cada ser e envolvem a preservação e a transmissão da herança cultural. Deduz-se por isto, a importância que o sistema educativo assume na socialização e perpetuação da cultura.
A minha Creche ideal é uma instituição, que em primeira linha, irá contribuir na constituição de valores que indicam os rumos assertivos e culturais, pelos quais a sociedade trilhará o seu caminho no futuro.

3 comentários:

  1. Muitos parabéns Sara.
    A doçura que emana no seu olhar e o bom gosto em todos os capítulos, estão bem patentes e são bem elucidativos no seu blog. Paralelamente, o amor, o carinho, o sentimento e a filosofia que tem da vida, estão muito bem retratados nas suas palavras.
    Não imagina o quando foi reconfortante para mim, visitar o seu blog. Devo dizer que fiquei muito sinsibilizado e senti-me reconfortado, talvez porque, também, partilhe muito daquilo em que a Sara acredita. É simplesmente maravilhoso. Muito obrigada! Virei aqui mais vezes.
    José Augusto L. Oliveira

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  2. Obrigado pelas suas amáveis palavras, são um estímulo no sentido de continuar a postar mais e mais coisas. Volte sempre*

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  3. Olá Sara
    Não precisa agradecer. Eu tenho por hábito ser muito sincero nos meus comentários. Quando gosto, digo-o abertamente, para que o meu interlocutor seja estimulado a continuar o seu trabalho e, assim, possa continuar a contemplar-nos com o seu talento nato.
    Quando não gosto, digo-o de modo a não ferir os sentimentos daquele que, apesar de tudo, nos quer transmitir algo em que acredita e tendo em atenção o seu ponto de vista.
    Já pensou escrever um Livro? Seria muito interessante. A Sara escreve muito bem e sente-se à flor da pele toda a ternura que se extrai de cada palavra e tem um sentido positivo da vida e é empreendedora. Eu j´+a vou com 120 páginas escritas, mas não sei se serei capaz de ir até ao fim, mas não vou desistir facilmente.
    Começo a tornar-me um seu admirador e fã.

    Beijinho muito especial e por favor, continue.

    José Augusto L. Oliveira

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