sábado, 17 de outubro de 2009

Modelos Pedagógicos de Educação



Introdução
Antigamente, não havia a consciência de que a criança necessitava de uma atenção especial e diferenciada na sua educação, sendo que a responsabilidade da criança era atribuída às mães e a criança era vista como uma cópia do adulto, à qual não era dada a devida importância ao seu desenvolvimento e ao seu processo de aprendizagem.
Os antigos gregos foram os pioneiros em termos de educação às crianças, sendo que os rapazes eram entregues à educação militar e as raparigas permaneciam sob a tutela da mãe, aprendendo as várias tarefas domésticas.
Mais tarde, por volta do século XVI e XVII houve um despertar para a necessidade da educação da criança como ser social e não apenas como parte de um grupo familiar.
Surgiram os chamados precursores da educação pré-escolar e ao longo dos anos, esta educação foi evoluindo, conforme as necessidades da criança, acompanhando a própria evolução da sociedade e a evolução dos estudos feitos nesse sentido.
Dois desses precursores deram origem a dois modelos pedagógicos, que se destacaram e que, actualmente, são os mais utilizados.
Um desses modelos é o High-Scope, que tem as suas origens na teoria de Jean Piaget, que se centra no desenvolvimento cognitivo, na interacção com os objectos e com os outros pares ou adultos e tem como principal preocupação a autonomia intelectual da criança.
Outro modelo pedagógico que se utiliza frequentemente é o MEM (Movimento de Escola Moderna) e teve as suas raízes em Celestin Freinet. Esta influência centrava-se na criança como ser social e este defendia que a educação não deve ser só por transmissão, nem só pelas descobertas que a criança faz. A escola por ele concebida deveria ser activa e dinâmica. Este modelo tem como chave a participação das crianças na organização do trabalho em sala e nos registos escritos, que se fazem a partir do que a criança faz ou diz. Tem como preferência grupos heterogéneos para que se garanta o respeito pelas diferenças individuais e pela democratização, para que haja um enriquecimento cognitivo e sociocultural.

De acordo com as características das crianças de creche e as das de Jardim de Infância, qual destes modelos pedagógicos se adequa melhor a cada uma destas valências?
O modelo MEM é mais adequado à valência de Jardim de Infância, enquanto que o modelo High-Scope pode adequar-se a ambas as valências, embora existam muitas características direccionadas apenas à creche.

Justifique
O MEM adequa-se melhor ao ensino pré-escolar pelas suas características. Este assenta a sua educação na organização dos espaços, nos mapas de registo e na organização do tempo, procurando que estes parâmetros sejam um treino para um sistema democrático.
Dá preferência aos grupos heterogéneos que é indicador que se aplica melhor ao jardim-de-infância, onde as salas poderão ter crianças dos 3 aos 5 anos, enquanto que na creche, as salas têm grupos de crianças da mesma idade, não havendo essa hipótese de escolha heterogénea.
Este modelo também aposta nas oficinas ou ateliers, que permitem que a criança possa exprimir-se em diferentes áreas como a biblioteca, a oficina de escrita, as actividades plásticas, a oficina de carpintaria, o laboratório de ciências, o canto dos brinquedos, a cozinha (que pode ser exterior à sala) e uma área polivalente, onde se fazem os encontros do grande grupo. Evita-se, o mais possível, que estes espaços sejam infantilizados, devendo aproximarem-se o mais possível à realidade dos adultos. Estas áreas são aplicadas a crianças dos 3 aos 5 anos, pela exploração e pela maturação que a criança tem que ter atingida, para poder fazer plenamente essa mesma descoberta. Também em termos de maturação e para poder interrogar-se sobre as coisas, este modelo é aplicável ao jardim-de-infância, pois é através das actividades que a criança faz, que ela, posteriormente, irá interpor outras questões, que poderão desencadear outros projectos auto-propostos ou provocados pelo educador.
Depois, ainda podemos analisar os mapas de registo que, em tudo, nos indicam que se dirigem a crianças na faixa etária do pré-escolar, por exemplo, para preenchermos o diário de grupo, a lista semanal de projectos e o quadro de tarefas, a criança tem que ter um prévio conhecimento de si mesmo, ou já ter iniciado esse processo, para saber o que gosta e o que não gosta. Para poder propor projectos, também tem que ter um prévio conhecimento do mundo e do que se pode explorar. Para ser o responsável diário por determinadas tarefas, a criança também tem que ter já interiorizado o conceito de responsabilidade, e todas estes itens são só aplicáveis ao jardim-de-infância e não à creche.
O modelo High-Scope, tal como o MEM, são construtivistas e têm como orientações a aprendizagem activa, o ambiente físico e os horários e rotinas, ou seja, ambos têm que reflectir para a organização dos espaços e do tempo, embora o High-Scope dê mais ênfase à pedagogia de participação, através de uma grande interacção entre o adulto e a criança, tendo como resultado, uma melhor verificação de quais são as principais dificuldades de cada criança. Não há uma grande exigência em relação à responsabilidade da criança na gestão do trabalho de sala, como acontece no MEM. Aqui dá-se enfoque à aprendizagem activa. Esta aprendizagem diz-nos que é desde o nascimento que os bebés aprendem, através das relações que estabelecem com os outros e através das explorações que fazem com os materiais do seu quotidiano. A relação que estabelece com os materiais, vem muito do 1º estádio piagetiano, o sensório-motor, onde a inteligência é organizada em esquemas de acção e onde a criança se serve de percepções e movimentos para compreender o mundo pelo uso, com o que vê e com o que sente.
Se esta aprendizagem activa é o conceito-chave do High-Scope, podemos perceber que é direccionado a crianças na valência de creche, pela idade em que estes conceitos são adquiridos - entre o nascimento e os dois anos.
Neste modelo pedagógico é dado grande interesse à amplitude do espaço, pelo que deve ser amplo e apenas existir nos cantos da sala, centros de interesse (como a área da casa, a área da construção, a biblioteca e a expressão plástica, sendo que estas duas últimas, devem ser localizadas onde exista luz natural), mas o espaço central é muito importante para que as crianças possam alargar as suas brincadeiras.
Também em relação aos materiais, existe um ponto relevante, que se adequa muito bem às crianças de creche, que é o facto dos materiais existentes em sala serem, apenas, em número suficiente e adequado às actividades individuais e de grupo, sendo que serão adicionados outros, pontualmente. Esta é uma característica de creche, para que a atenção possa ser focada e não dispersa. Outro ponto curioso é que os materiais devem ser arrumados de forma visível e acessível à criança, para esta trabalhar a sua independência.

Conclusão
A análise das várias componentes de um e outro modelo pedagógico, leva-nos a concluir que ambos têm pontos de grande interesse pedagógico e que um se aplica melhor a uma idade e outro, a outra idade.
Apercebemo-nos ainda da grande expansão e desenvolvimento da educação quer em creche, quer em Jardim-de-Infância e que, cada vez mais, a educação na primeira infância é considerada a grande base educativa e que se articula com o ensino básico, havendo uma preparação nesse sentido.
Os vários modelos pedagógicos têm objectivos pertinentes que promovem o desenvolvimento da criança e por isso, actualmente, é considerado importante que as crianças frequentem a creche e o jardim-de-infância porque é através dessas valências que se desenvolvem competências e destrezas, aprendem-se normas, regras e valores que enriquecem o sentido cívico da criança e assegura o seu futuro na escola e na sociedade.

Elaborado por Sara Sousa

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Acompanhamento de crianças em Creche e Jardim de Infância


O acompanhamento de crianças exige de nós grande poder de dádiva, de responsabilidade e de coerência.
Partilho aqui os 10 pontos que considero mais importantes para quem ocupa este cargo.

DAR AFECTO
É muito importante que a criança sinta que gostam dela, para que se criem laços e para que esta se sinta num ambiente de segurança, cumplicidade e amizade. Todos os outros factores são influenciados por este sendo que, na minha opinião, esta é a grande base para que todos os outros, mais facilmente se conquistem. Um abraço, um carinho ou um beijinho – o contacto físico – vai reforçar a demonstração de afecto que deve ser sempre acompanhada de respeito pela criança.

ESTIMULAR A CRIANÇA AO NÍVEL DA RESPONSABILIDADE

Este ponto não deve ser esquecido para que a conduta da criança seja baseada na responsabilização pelas suas acções, pelos seus pertences, pela sua sala, pelo seu meio. Neste campo, o papel da técnica, será ensiná-la e orientá-la para que tome conta do que é seu (da sua mochila, do seu casaco, da lancheira, do seu material) e ensiná-la também a responsabilizar-se pela sua integridade física e pela dos outros Neste ponto, penso que também cabe a aprendizagem do respeito pelos colegas e pelas restantes pessoas, chamando-a à atenção sempre que isso não suceda, ensinando-a, orientando-a e fazendo-a reflectir para o que é correcto e assertivo.

APRENDER A DIZER NÃO
Esta aprendizagem engloba vários aspectos. O adulto que aprende a dizer não à criança, justificando o porquê dessa resposta, irá fazer com que a criança compreenda, e aprenda também, a justificar os seus motivos sempre que, também, diga não a alguém. Ajudá-los à reflexão, vai ajudá-los a ver as coisas por outras perspectivas. Sempre que aconteça a situação de dizermos não e mais tarde, pensarmos que afinal deveríamos ter dito que sim, devemos redimirmo-nos e explicar porque o fizemos.
De salientar também, que as crianças têm que aprender a lidar com as próprias frustrações à negação de algo, para que, mais tarde, possam enfrentar, com maior resistência, as dificuldades com que se possam deparar.

OBEDECER A REGRAS / IMPOR LIMITES
As regras devem ser impostas quando existe um conhecimento do grupo para que estas possam ser dirigidas especificamente aquele grupo e para que possam ser executáveis. Estas devem ser cumpridas por todos e o impor limites vem no seguimento da aplicação de regras, ensinando-os que a nossa liberdade termina onde começa a do outro. Devemos ajudar a criança nesse processo de conhecimento e mais do que tudo, dar o exemplo.

ENSINAR JOGOS E MÚSICAS
Através dos jogos e músicas podemos estimular a comunicação, a sociabilização e ainda a linguagem. As cadências e os ritmos musicais favorecem a que falem mais fluentemente e para os mais tímidos é uma boa fórmula para que se desinibam. Devemos, por isso, usá-los com frequência, pois para além disso, é um momento lúdico que as crianças apreciam.

ESTIMULAR A CRIATIVIDADE
Podemos estimular a criatividade através da leitura de uma história, fazendo com que imaginem sem o suporte das imagens, através do desenho, de jogos de faz de conta e através de conversas de grupo que os levem a pensar e sobretudo a imaginar.

ACOMPANHAR NAS BRINCADEIRAS Devemos acompanhá-los nas brincadeiras através da supervisão das mesmas ou incluirmo-nos nelas, sempre que sejamos solicitadas. A supervisão, muitas vezes, deverá ser subtil, para que a criança não se aperceba que está a ser vigiada e que, com isso, fique constrangida. Também devemos ter especial atenção a situações em que a criança solicite a nossa presença nas brincadeiras porque não consegue brincar sozinho, ou não consegue juntar-se em pares. Aí, o nosso procedimento terá que ser o de estimular e incentivar à partilha das brincadeiras com os outros.


ESCLARECER AS DÚVIDASA curiosidade das crianças não tem fim e é possível que haja alguma ocasião em que não saibamos responder correctamente às suas questões. Sempre que não haja a certeza (ou mesmo desconhecimento) na resposta, devemos dizer-lhe que vamos procurar saber o que perguntou e que no dia seguinte lhe respondemos e claro, cumprir a promessa.

CUIDAR DA SAÚDE
Penso que é muito importante saber como agir em caso de doença ou acidente, pois considero que é uma área de enorme responsabilidade e sobretudo, porque há situações em que se não houver um pré-socorro correcto, podem acontecer lesões ou outras situações. Como técnica, há que obter informações, dadas pelos pais, o mais precisas possíveis sobre o que fazer, face a diversas problemáticas que possam surgir, como febre, por exemplo e deve-se sempre avisar os pais da criança em situação de doença.

FAZER A SOCIALIZAÇÃO
Este ponto será o culminar de todas as outras aprendizagens e visto que a criança está em constante evolução, vai-se tornando cada vez mais num ser social e o nosso objectivo profissional é que a criança goze dessa sociabilização, respeitando os outros, tirando partido de todos os estímulos que foram explorados e que se sinta em casa, dentro da instituição. A postura da profissional deverá assentar no prazer de trabalhar com crianças e poder dar o máximo para que, o desenvolvimento das suas crianças sejam elevado ao seu expoente máximo.


Texto elaborado por Sara Sousa


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Parece... mas não desaparece...


Parece que tudo já passou...
As pessoas perguntam: -Então, já estás melhor?
Afinal, já faz quase 5 meses que partiste...
Mas dou por mim a viver de novo o dia
A ver o rosto da mãe a transformar-se no novo rosto que lhe ficou
Dou por mim a indagar se isto é verdade, se, por algum milagre, vais passar de carro e apitar (onde tantas vezes te revejo em rostos desconhecidos...)
Parece que tudo já passou, mas está agora a começar...
A dor aumenta, não acalma e sinto necessidade de te falar (...ou escrever)
Esta dor que se perpetua a cada dia que passa na tua ausência
Queria te ter dito tanto que não disse
Dar-te a certeza do meu amor, do meu enorme carinho e agradecimento
Eras o meu protector, contigo sentia-me segura fosse onde fosse
Aproxima-se o Natal e... não sei como suportá-lo sem ti
Meu irmão, meu amigo, meu companheiro de brincadeiras, de maluqueiras
Lembro-me de tudo tão claramente...
O estarmos em Moçambique e eu cheia de medo da nova escola e tu,
Ias buscar-me de mota, fazias cavalinhos e eu era feliz, tão feliz...
Sempre foste atencioso nos meus quereres... Oferecias-me no aniversário LP's do Rod Stewart
E quiseste levar-me ao Restelo a um concerto dele, mas eu era muito nova e não deixaram...
Lembro-me também de querer ir a discotecas e tu, pedias com muito jeitinho, para me levares...
Recordações antigas, recordações actuais
Lembro-me constantemente da ligação tão especial que tinhas (prefiro achar que ainda tens...) com os teus sobrinhos, que segundo dizias, eram os filhos que tu não tiveste...
Tudo isto e muito mais que me lembro, mas, em especial, lembro o teu rosto risonho
Os teus olhos lindos, do teu sorriso único que me traz tanta saudade...
Onde quer que estejas, recebe esta mensagem, que é pouca para ser homenagem
Mas que dita este meu coração de irmã...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Estar com crianças...



Vocês dizem:
É cansativo estar com crianças
E não há dúvida de que têm razão.
Depois acrescentam:
Porque temos de nos pôr ao nível delas,
porque temos de nos baixar, inclinar,
curvar, tornar pequenos.
Mas aí é que voçês estão enganados.
O que mais cansa não é isso,
o que mais cansa é sermos obrigados
a elevarmo-nos até à altura dos seus sentimentos.
A esticarmo-nos, a alongarmo-nos,
a ficar em bicos dos pés.
Para nunca as magoar.

By Janusz Korczak


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