A infância é um território mágico. Todos por lá passámos um dia e ficámos por ele marcados, para o bem e para o mal, ao longo das nossas vidas.
É um tempo de sonho e de descoberta, de interrogação e de assombro. A nossa memória mergulha raízes nesse tempo, único e irrepetível, que somos chamados a revisitar sempre que pensamos nos valores, nas lembranças e nos princípios que nos formaram e estruturaram.
Quem educa lidando com a infância, educa para a vida, para a relação com os outros, para a criatividade, para a solidariedade e para a tolerância, para o afecto e para a partilha da alegria, para a cidadania e para a responsabilidade individual. Prolonga o espaço afectivo da família, é uma luz doce que se acende no horizonte diário de quem se descobre, descobrindo a vida. É uma ponte, um abraço, uma claridade que quotidianamente se renova e que, muitas vezes, ajuda quem cresce a superar as sombras pesadas da tristeza, da solidão e do abandono.
Quem educa as crinaças, num tempo de inquietação e de dúvida, de incerteza e crise, educa muito para além dos limites comuns do próprio acto de educar.
Educa para tudo o que há-de vir, para o previsível e para o imprevisível e fá-lo em nome dos valores que não dependem de modas nem de ciclos de gostos.
Educa para que, um dia, falando da infância e parafraseando um verso de Ruy Belo, muitos possam dizer:
"E tudo era possível, era só querer."