O sono dos peixes está para além da imaginação. Mesmo no recanto mais sombrio do lago, entre os juncos, descansam vigilantes: permanecem na mesma posição durante uma eternidade e é absolutamente impossível dizer que repousam com a cabeça numa almofada.
Também as suas lágrimas são como um grito no deserto — inúmeras.
Os peixes não conseguem exprimir o seu desespero. Isto justifica a faca embotada que avança ao longo da espinha rasgando as lantejoulas das escamas.
Zbigniew Herbert - Escolhido pelas Estrelas - Antologia Poética
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