terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Babia

2 de Fevereiro - Hoje seria o aniversário da minha avó materna - Palmira Ferreira da Silva.
Para falar da minha avó, teria que escrever durante vários dias... mas resumidamente, devo dizer que tive a sorte de ter uma avó muito querida e amiga. Ela cuidou dos três netos e ainda de dois bisnetos. Um deles  batizou-a de "Babia", ficando assim o nome carinhoso pelo qual os miúdos a chamavam.
Viveu uma vida para a família, ficou viúva ainda cedo e foi uma mãe sempre presente e atenta.
Era crente em Santo António, a quem ela rezava várias vezes o "responso" e não é que resultava?
Tinha sempre notas escondidas dentro de livros e quando precisávamos de alguma coisa, parecia que nasciam soluções daquelas páginas.
Ganhou o segundo prémio do totoloto (ela e mais umas centenas naquela semana, logo não foi um prémio muito chorudo) e, na altura, eu estava grávida da minha filha e ela quis dar-me esse dinheiro para comprar o que fosse preciso para a bebé... Não queria aceitar por achar que a ela lhe pertencia e de fiquei enternecida quando verifiquei que ela só jogava pela expectativa e pelo prazer de dar.
Dar, era uma palavra comum na vida dela. Sempre deu tudo o que tinha e isso aplica-se também a si mesma... sempre se deu e dava o melhor de si.
Lembro-me dela cantar para eu adormecer, lembro-me dela ralhar com os rapazes que me rondavam a porta, lembro-me de ir à escola para me levar pão com tulicreme, lembro-me de estar sempre a sorrir. Lembro-me e as saudades são muitas...
Andava muito, gostava de ir tomar o pequeno-almoço à rua e de repente, viu-se entrevada numa cama...
O meu filho adorava-a, muito mesmo, quase sem mesmo nós percebermos a adoração tão latente que tinha por ela. Todos os dias a queria ver e ela já quase nada falava... Talvez o comovesse aquele estado em que se encontrava e ela sorria, sorria sempre. Era a velhinha mais sorridente, mais linda e mais meiga que existiu. Naquela cabeça os cabelos mantinham-se escuros sem vestígios de velhice, sinónimo da sua mente sempre jovem. Era engraçada, tinha ditos cheios de graça e encanto e tinha medo de borboletas, o que nos fazia sempre rir.
Veio a falecer em 2006 no dia 2 de Março, precisamente no dia de aniversário do meu filho... Deixou-nos um vazio enorme... Parabéns, foste a maior. Estás sempre no meu coração. Adoro-te, avózinha querida.

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