sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Qual a melhor água para dar de beber aos seus filhos?


Efectuou-se um estudo por alunos da Faculdade de Ciências Médicas, Departamento de Saúde de Lisboa, orientado pelo pediatra Dr. Mário Cordeiro, com o objectivo de estudar a percepção que os pais têm sobre o consumo de água em recém-nascidos, avaliar as práticas e atitudes sobre o tipo água a dar e os cuidados que se devem ter como por exemplo, a fervura ou a esterilização dos recipientes e as conclusões foram surpreendentes.
Este estudo teve como base ser um tema actual e que ainda gera muita confusão na população. Concluiu-se que os pais continuam a ter cuidados que se justificavam nos anos 60 ou 70, mas que agora, esses cuidados são excessivos, tendo em conta a boa qualidade da água do abastecimento público. Concluiu-se também que os hábitos enraizados de esterilizar os biberões revelam-se ineficazes, pois uma boa lavagem imediatamente depois de usados chega perfeitamente e ainda se concluiu que a água engarrafada demonstrou ser bacteriologicamente mais impura e quimicamente mais perigosa.
«Eu bebo água da torneira. Estar a pagar água seis mil vezes mais cara por litro, poluir o ambiente com plástico e ainda por cima desperdiçar um líquido precioso, dado que para “fabricar” um litro de água de garrafa são necessárias várias dezenas de litros, não é para mim. Desperdício, atentados ambientais e novo-riquismo, dispenso!» São declarações do pediatra Mário Cordeiro e orientador deste estudo.


Dar água antes dos seis meses?
Esta é uma questão para a qual ainda não há consenso na comunidade cientifica. Enquanto muitos defendem que o aleitamento em exclusivo é suficiente para suprir todas as necessidades hídricas do bebé (uma vez que 88% do leite materno é água), outros alegam que se pode dar água desde o nascimento, em especial quando existem situações de febre, diarreia, vómitos, infecções respiratórias e sempre que estiver muito calor e andarem de carro por períodos mais prolongados.
Então, se os especialistas não conseguem chegar a um acordo sobre este assunto, o próprio trabalho de investigação que envolveu um questionário a pessoas anónimas, pais de recém-nascidos, também mostrou uma clara confusão, verificando-se que a opinião da mãe prevalece sobre o dar ou não água.
Na conclusão do estudo diz ser necessário combater o mito de que o bebé não pode beber água desde que nasce, reforçando a ideia que o recém-nascido normalmente não precisa, mas pode beber água.

Esterilizar é necessário? Quando?
Verificou-se no estudo que mais de 90% dos pais que escolheram a água da rede pública tinha intenção de a ferver. A prática de esterilizar a água e biberões é considerada obsoleta pelos autores. A fervura recomenda-se apenas para eliminar agentes patogénicos, não eliminando compostos como por exemplo, o chumbo. Ainda assim, em caso de ter dúvidas da qualidade da água de rede, é aconselhável fervê-la.
Em relação aos biberões a sua lavagem correcta é suficiente à sua limpeza, desde que seja feita imediatamente após a sua utilização, porque os restos do leite formam grumos onde as bactérias se podem anichar e desenvolver. Cuidado com os biberões de plástico que actualmente tem vindo a ser os preferidos em relação aos de vidro, por serem inquebráveis. Está provado que libertam uma substância – o bisfenol – quando o plástico é submetido a uma elevada temperatura ou pelo simples acto de encher o biberão com água a ferver. Os efeitos do bisfenol no nosso corpo atingem o sistema nervoso central, o sistema reprodutivo e o sistema imunitário.
Água da torneira versus água engarrafada
Em relação ao tipo de água a dar às crianças, os autores deste estudo concluíram que cerca de 75% dos inquiridos são a favor da água engarrafada em detrimento da água de rede pública, escolhida apenas por 23,3%. Quanto às principais razões apontadas para estes valores, destacam-se a insatisfação e a desconfiança dos consumidores em relação à água da torneira, o que para Mário Cordeiro, já não se justifica, até porque esta tem um nível de qualidade muitas vezes superior. «A água da rede pública é mais diversificada em termos minerais, é mais pura bacteriologicamente do que a engarrafada e não tem os bisfenóis que as garrafas de plástico podem ter e que são produtos químicos que podem ter vários efeitos negativos sobre a saúde». E será que a água da torneira é realmente boa para dar às crianças? O Pediatra Mário Cordeiro defende que sim, pelo menos na maioria dos municípios e chama a atenção apenas para os locais onde a captação de água é feita em barragens baixas ou quando a água provém de poços ou albufeiras avulsas.
Segundo o IRAR (Instituto Regulador de Águas e Resíduos) e o Instituto Dr. Ricardo Jorge, a água da torneira é alvo de maior controlo bacteriológico que a água engarrafada. Logo, a água da torneira torna-se mais vantajosa, pois é mais barata, tem um rigoroso controlo bacteriológico e um conteúdo mineral que não é prejudicial para o sistema renal imaturo dos bebés recém nascidos.
As razões apontadas para o consumo da água engarrafada foram o sabor, a conveniência, a segurança e os potenciais benefícios para a saúde. Em certos restaurantes e cafés, esta água chega a ser mais cara que um litro de gasolina. Para além do preço, se pensarmos que uma garrafa de plástico demora cerca de 500 anos a degradar-se (o tempo de uma garrafa de vidro é ainda mais longo), podemos verificar o nefasto impacto ambiental decorrente desta prática.
«Beber água engarrafada "é imoral". “A água engarrafada gera 600 vezes mais CO2 que a água da torneira». Conclusões de um assessor do governo britânico e adianta ainda que, a sociedade deveria fazer do acto de beber água engarrafada, algo tão pouco elegante como fumar. «Devemos fazer crer às pessoas que a água engarrafada está na moda, tal e qual como o tabaco. «Necessitamos de uma campanha similar para convencer as pessoas do que é correcto».

Este é um assunto ao qual, eu própria fiz uma investigação a nível pessoal, porque me debati com as mesmas dúvidas sobre qual seria a melhor água para bebermos em casa.
Cheguei à conclusão que, na realidade a água engarrafada não é necessariamente melhor ou mais segura que a água da torneira. Os fornecedores de água engarrafada não estão sujeitos aos mesmos parâmetros de qualidade que os serviços municipalizados, o que significa que podem vender água com presença de contaminantes, desde que não ultrapassem os valores previstos na lei, levando os consumidores a gastar 6000 vezes mais por cada litro, em relação á água da torneira. Para além disso, as garrafas têm que ser protegidas da luz solar e conservadas em lugar fresco e seco (lê-se nos rótulos), o que nem sempre acontece, podendo dar origem á formação de bactérias e algas na água (trabalhei num hipermercado onde eu verificava constantemente que os garrafões e garrafas de água permaneciam ao sol e ao calor). O ph da água engarrafada também não é o ideal (Ideal – 6,9 a 7,2) porque é normalmente muito baixo, tornando a água ácida - uma água corrosiva e oxidante (os oxidantes no organismo são os causadores do envelhecimento e de inúmeras doenças). Em termos práticos, a água engarrafada também não é a melhor solução. Tem que ser transportada até aos nossos lares e requer espaço de armazenamento.
De facto, conclui que a água da torneira continua a ser uma das melhores fontes de Água Pura ao dispor da maioria da população portuguesa, no entanto e tal como alguns organismos públicos reconhecem, o envelhecimento das canalizações (ferrugem, apodrecimento), as infiltrações e rupturas ao longo da rede de distribuição, canalizações antigas em chumbo, etc., faz com que, por vezes, duvidemos da qualidade desta água em muitas zonas de Portugal.
A solução que encontrei foi fazer a aquisição de um purificador de água doméstico, usufruindo da água da rede, que é rica em sais minerais, cálcio e com um ph equilibrado, não correndo riscos de ingestão de contaminantes, sendo que o filtro impede a passagem de metais pesados, parasitas, vírus, bactérias e cloro que a água possa conter. Posso cozinhar com essa água que também é uma mais-valia.
A nível económico também foi vantajoso em relação à compra de água engarrafada porque depressa paguei o purificador com dinheiro que iria gastar continuadamente na compra de água engarrafada.
E muito, muito importante - Sou menos uma a contribuir para a poluição do ambiente com o uso de milhões de garrafas e garrafões de plástico.

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