A EXPRESSÃO DRAMÁTICA
A Expressão Dramática nasce connosco quase como um gene e revela-se desde cedo. A necessidade de comunicar é inata ao ser humano e é através da comunicação e da expressão que damos forma aos diversos papéis que assumimos na nossa vida quer sejam eles papéis sociais, profissionais ou pessoais. Também é através do drama que resultam as actividades de expressão dramática, actividades estas que surgem inicialmente na nossa vida, ainda em criança, através do jogo simbólico – essa necessidade de imaginar e de fantasiar surge por volta dos dois anos e, Jean Piaget, descreve bem essa fase do desenvolvimento cognitivo da criança, pela necessidade que esta tem em substituir objectos reais pelo real dos seus desejos – transforma um lápis num avião ou uma borracha num carrinho. É esta necessidade de fantasiar que no processo de maturação da criança à idade adulta, vem sendo dissimulada, seja por uma questão de vergonha, timidez ou simplesmente por não querer cair no ridículo de assumir que continuamos a ser seres de necessidades básicas e que a imaginação está na base de quase todo o nosso sucesso. Por outro lado, o expor de toda a nossa emoção, também pode ser motivo de retraimento, pelo que desde cedo, a Expressão Dramática deve ser uma forma privilegiada e de primazia de ensino, que servirá de base para outras aprendizagens, através da tomada de consciência do nosso corpo, da capacidade de nos expressarmos e de comunicarmos, aprendendo a escutar e a falar, cadenciando a nossa própria comunicação.
A Expressão Dramática potencia e estimula a vários níveis:
- Imaginação e Criatividade;
- Cooperação em grupo;
- Concentração e Auto-confiança;
- Responsabilização;
- Socialização;
- Improvisação
A partir da exploração de um tema a ser representado, pode-se motivar a aprendizagem através da pesquisa de outras áreas do saber, com vista à dramatização de personagens. A necessidade de tomar decisões colectivas, desencadeia todo um processo de interacções entre a pessoa e a sua personagem, contribuindo assim, para a valorização das experiências e dos valores pessoais de cada um.
Em relação às crianças, brincar é a palavra-chave e de ligação directa à dramatização. Em ATL, onde a diversão impera, estas brincadeiras em que a criança fantasia, são uma constante e são verdadeiramente importantes que existam, sendo a base para que se possa experimentar novas situações, adquirir autonomia e, mais tarde, poder inserir-se nos jogos colectivos, contribuindo para vencer a timidez e para a aceitação social que se pretende alcançar. Aqui, a expressão dramática é definida por uma dupla necessidade: a de expressão e a de comunicação, uma vez que, pode haver expressão dramática sempre que alguém se exprime.
A EXPRESSÃO MUSICAL
A música, em si, é um instrumento poderoso. Os benefícios da música na infância estão comprovados e são mais que muitos, abrangendo várias áreas do desenvolvimento. Na primeira infância, a música e o ritmo fazem com que a criança sinta vontade de balouçar, dançar, estimulando-a para o movimento grosso do corpo, mas onde a motricidade fina também é contemplada, através da vontade que a criança tem em tocar certos instrumentos que requerem alguma perícia motora. A vertente emocional da criança desenvolve-se gradualmente quando existe contacto com a música, porque na verdade, a música emociona, pode provocar sentimentos profundos, por isso é ouvida em momentos tão especiais na vida, como por exemplo, nos casamentos, mas também porque as crianças criam ligações emocionais através das experiências musicais.
Para uma criança que ainda não fala, a música pode ser um meio de comunicação e de fortalecimento dos laços afectivos com o adulto que lhe entoa as canções, pois a percepção da criança funciona e ela sente-se calma e acarinhada.
As crianças gostam de padrões simples e ritmos repetitivos, por isso músicas como “A loja do mestre André” têm tanto sucesso entre elas. Estas sequências, as lengalengas, as marcações de ritmo, vão ajudar ao desenvolvimento cognitivo da criança e ajudam fortemente na linguagem e na memorização de palavras e na forma correcta de as pronunciar.
Ainda de salientar que a música favorece a interacção entre as crianças, sendo muito útil a sua inserção em contexto de ATL, onde a criança convive de perto com os seus pares e mesmo com os adultos, ajudando à desinibição e vontade de partilha. Os jogos musicais descontraem e provocam momentos de prazer e de alegria, mas também transferem responsabilização através das regras próprias de qualquer jogo. Faz todo o sentido utilizar a educação/expressão musical e permitir às gerações mais novas o aproveitamento deste enorme benefício.
Texto elaborado por Sara Sousa
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