Há coisas que me assustam.
Tenho receio de ficar árida por dentro, de não voltar a florir, de ficar inerte como uma peça de decoração.
Tenho medo que a música cesse, ou mesmo que não cesse, que eu perca a capacidade de sonhar.
Assusta-me que o ponteiro da ansiedade se adiante ao da vida, sem que eu dê por isso.
Assusta-me que os meus olhos se possam acostumar com a banalidade e que não mais me deslumbre com as excepções.
Tenho medo dos frutos dos amores e desamores, medo que um dia não doa mais.
Porque a dor lembra-me que ainda aqui estou. Não que seja masoquista, só não quero a cegueira de ignorar os factos da vida.
Porque para florir é preciso que as lágrimas me reguem o interior.
E mesmo que a flor que brote traga espinhos, prefiro sempre a ferida à anestesia de nunca sentir uma flor nas mãos.
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