quarta-feira, 14 de julho de 2010

Confias no incerto amanhã?



Entregas às sombras do acaso a resposta inadiável?
Aceitas que a diurna inquietação da alma
substitua o riso claro de um corpo que te exige o prazer?
Fogem-te, por entre os dedos, os instantes;
e nos lábios dessa que amaste morre um fim de frase,
deixando a dúvida definitiva.
Um nome inútil persegue a tua memória,
para que o roubes ao sono dos sentidos.
Porém, nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio.
Então, por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens visíveis do humano?
"Não", dizes, "nada me obrigará à renúncia de mim próprio -
 nem esse olhar que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso.

Nuno Júdice

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