Hesito muito antes da palavra.
porque um precipício se abre nela
e não tem sentido, vibra apenas.
Porque pode ser a morte
ou o nascimento para um lugar
de cores e fadas e barcos de sol.
Porque me doem as mãos
cada vez que tento segurar
o mundo em traços redondos quadrados.
Por isso te digo: hesito e morro e nasço.
E corro para a rua com a força de quem
vai anunciar, gritar, chamar, dizer.
Mas lá fora sorrio apenas
enquanto caminho para um banco
de jardim, devagarinho,
como se por um momento
eu soubesse o nome de tudo
e tudo tivesse o mesmo nome.
Vasco Gato
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