Esta manhã acordei vaga
e imensa como uma cidade desabitada.
Acordei céu de luar
Acordei céu de luar
sitiada pelo deserto da noite
e sou a bruma indissolúvel
envolvente etéreo de nada
num universo de nebulosas.
Sou bruma e penso em símbolos
de horas naufragantes insulares
de mim acordando só bruma
de mim acordando só bruma
da bruma a acordar em mim
eu inexacta como a linguagem lenta das sombras.
De resto nada
infinitamente nada.
Pura circulação de nada meus rios em meu leito
minhas veias entre eu e mim
em trânsito contínuo para ser outro e ser o mesmo
para meditar o intervalo vazio
entre a pele de dentro e a pele de fora.
(Paulo Renato Cardoso)
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