quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um sorriso etéreo



Aqui sentada em frente ao PC, revejo-me no reflexo do ecrã
Penso, tento negar o que sinto e o que penso
Cheia de trabalho e sem estímulo para o concretizar
Cheia de questões e sem forças para as colocar
Sinto-me vazia de mim mesma e quero encontrar-me
Procurar-me na essência dos dias que evaporam
Que me deixam sem um sorriso no rosto...
Neste ultimo dia do ano, faço um pedido
A quê ou a quem não sei...
(Infelizmente, não acredito em entidades divinas...)
Peço a todas as energias que desconheço
A todas as forças que nos regem
Em especial, à minha força interior
Que o ano que se segue me reserve algo de bom:
Que todos os livros (auto-ajuda) que recebi este Natal
Me cativem à sua leitura e à crença do seu conteúdo,
Que possa andar de bicicleta voando pelo tempo
Com o cabelo ao vento e a alma ao sol,
Que possa ver os meus filhos crescer
em caminho à realização e alegria,
Que possa ver os meus pais em saúde,
Que possa ter amigos sem receios nem reservas,
Que possa sentir emoções fortes,
Que possa estar rodeada de crianças,
Que possa ir mais ao cinema, ao teatro, a concertos,
Que possa crescer e também aprender com os erros...

E ao pensar, ao visualizar este pedido
Um sorriso colou-se nos meus lábios
Um sorriso que não era meu...
Um sorriso de alguém que sorria em mim
Talvez tu me quisesses lembrar de sorrir por viver
E que a vida em si, já é mais do que motivo suficiente para sorrir...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dimensões longínquas


É como se, entre cada segundo do dia, houvesse uma pausa...
A vida fica suspensa.
Congelada e descongelada.
São imperceptíveis para os sentidos físicos porque estes momentos e não-momentos estão ligados num fio pelos seus pensamentos, crenças e intenções.
Preenchem os espaços, criando uma imagem completa e sem falhas.
Está a acontecer neste momento exacto, entre cada palavra que acaba de ler.

É durante todas as pausas que o futuro é forjado.
E tal como todas as coisas que piscam como um pirilampo, o tempo também o faz, e enquanto isso,
o Universo está atarefado a trabalhar, voando para a acção.
Desloca montanhas, conspira nas circunstâncias e planeia as coincidências, sem restrições nos limites da existência material, incluindo a causa e o efeito.
É aqui que reside a magia.

Cada momento físico que se sucede, reflete depois as criações do momento não-físico anterior, dependendo não daquilo que existiu no físico, mas na evolução, geralmente lenta, das suas crenças, intenções e expectativas, que atravessam ambas as realidades.

O passado pode mesmo ser reescrito e as memórias inseridas, para que nunca se perca um instante...

A próxima vez que desejar algo, use estas pausas e não o tempo e o espaço.
Não olhe para o físico, olhe para o que não se vê.
E caminhe no reino das possibilidades infinitas.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Hidden colors



"Mal transpus o portão, o parque pareceu-me imediatamente imenso e solitário. Ao entrar na sala de visitas, um silêncio tumular deslizou por entre os sofás, as cadeiras, o piano. No piano, a cabeça gigantesca do mouro já não era mais do que uma caveira. Precisava, como Beatrice sempre fizera, de a encher de flores, ou de deitar fora aquela jarra sem vida. Fui ao jardim procurar rosas e parras, mas a escuridão descera para esconder as cores e os meus dedos só encontraram espinhos."

In "A arte da alegria"
Goliarda Sapienza

Every woman dream with a prince in a white horse...


...was close this time...

Dreams come true.
Without that possibility, nature would not incite us to have them.

John Updik

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

MIZAAR


Há dentro de ti uma estrela
Porque não a deixas brilhar
Não receies cegar os outros
Nem que estes te possam cegar

Há dentro de ti uma estrela
Mesmo que a luz seja fria
Brilha tanto como as outras
E brilha de noite e de dia

(De Jorge Sousa Braga)

+*+*BOAS FESTAS A TODOS*+*+

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Check in



Estamos todos em viagem, por isso, a partida é constante.
Mas não é uma partida no verdadeiro sentido da palavra...
É mais uma chegada a outro lado.
Uma chegada aos corações e não mais partir, no verdadeiro sentido da palavra.
Assim, tornamo-nos cada vez mais completos.

Reflexos e Reflexões


"Um espelho em frente a um espelho: imagem que arranca da imagem, oh maravilha do profundo de si, fonte fechada na sua obra, luz que se faz para se ver a luz."

Herberto Hélder in "O mundo"

domingo, 20 de dezembro de 2009

Mano...


Faz hoje 7 meses que deixaste o meu mundo vazio
A dor acomoda-se aos poucos e passo a ignorá-la
como se de uma coisa banal se tratasse...
Finjo que não penso e que o pior já passou
Finjo que a tua ausência não me condiciona
Finjo que é suportável viver sem ti
mas não é...
E é por não ser, que continuo a fingir e a sorrir...
No consolo das fotos, procuro o teu olhar
O teu sorriso e a tua presença amiga
No cheiro de um cigarro,
procuro cheirar o teu perfume
que guardo nas minhas coisas mais íntimas
Esta época de Natal... é tão dolorosa...
Não quero o Natal, não quero reunir a família
Só quero que passe muito depressa
para que não dê por ele..
O tempo preguiçosamente não ajuda
As horas passam devagar
E eu fico meia zombie, entre sorrisos e lágrimas
Lembrando-me de ti
Lembrando-me de nós
E, ao mesmo tempo, querendo não lembrar...
Adoro-te mano 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Coisas que me comovem




- Gosto tanto de ti, Mãe.
- Gostas filhote? Daqui até aonde?
- Daqui até além do céu...
- E onde é o além do céu?
- É um sítio onde as pessoas não chegam, mas os sentimentos sim.




Sonhos reduzidos...


"(...) À espera que Deus me desse um sinal do seu perdão, comecei a vaguear pelos corredores, pelas arcadas, pelo jardim. Tinha-me parecido imenso, aquele jardim, quando o atravessava a correr para não perder uma única palavra nova, um adjectivo, uma nota. Agora, como nos sonhos, tinha-te reduzido a um espaço mísero, acanhado. (...) Já não tinha fome. Tinha apenas saudades do sorriso (...)"
In " A arte da alegria" de Goliarda Sapienza

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

You've got a friend... B E A U T I F U L

Poesia em movimento



Não deixes que ninguém te desencoraje
E faças o que fizeres, não pares de dançar...
Não saias de cena, como a pequenina
Que por vergonha, medo ou qualquer outra coisa
Escapa-se do cenário...
Se se dissecasse os movimentos
E os observassem, sem prestar atenção ao resto da dança,
Os que dançam pareceriam idiotas chapados...
Mas quando se vê a imagem global
...é poesia em movimento.

Sonho azul


Levei-o no meu sonho azul
Azul, Azul
Da cor do céu
Levei-o comigo
Sonhou um sonho
Da cor do meu
Deitados no leito da lua
Na frescura, que tremor...

Trocava a vida toda
Pela vida deste amor
Meu Sonho Azul

Levei-o no meu sonho azul
Azul, azul
Da cor do mar
Levei-o comigo
Sonhou um sonho
De apaixonar
Deitados na noite das ilhas
Na frescura, que tremor...

Trocava a vida toda
Pela vida deste amor
Meu Sonho Azul
 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Como será o amanhã?


As perguntas estão feitas.
As respostas respondidas.
Então, porque tenho que jogar o dado?
Todos os dias são uma incerteza,
Um talvez...
Que sem ser certo
É o mais certo de todos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Tudo por dizer (...em discordância)


"...nada me resta dizer. Apenas queria escrever-te. Com dedos de carvão que se desfazem em cada letra que tento despejar no papel."
Faíza Hayat
(...que saudades da revista XIS, onde a Faíza colaborava...) 

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sonhos versus pesadelos



Sonhei contigo,
embora nenhum sonho possa ter habitantes...
Imagens distorcidas e imperceptíveis
Fazem deste sonho uma confusão constante
 É verdade que o sonho poderá ter feito com que,
nesta rarefacção de ambos,
a tua presença se tornasse incólume...
Como se cada gesto do poema te restituísse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
Confundindo os teus lábios com o rebordo desta chávena de café já frio.
Então, bebo-o de um trago
E o mesmo se pode fazer ao amor
Quando entre mim e ti se instalou todo este espaço -
Terra, água, nuvens, rios e o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência da fontes.
É isto, porém,
que faz com que a solidão não seja mais do que um lugar comum...
Saber que existes aí,
Mesmo que só o silêncio me responda quando, uma vez mais, te chamo.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Amar é a ferramenta da inclusão


“Não podemos esquecer que amar e ser amado é um desejo e um direito de todos, independentemente do nível intelectual de cada um”
Frase de RODRIGUES, Cristina (2009)
In Seminário “Os afectos e a sexualidade na deficiência”
20 de Novembro de 2009

O desejo de amar e ser amado reporta-nos o pensamento para uma reflexão mais aprofundada sobre o tema, que engloba vários aspectos a nível emocional, relacional e social. Todo o ser humano quando nasce tem como característica a singularidade. Depois, pela vida fora, o convívio social e cultural, as nossas experiências e interacções outorgam-nos ainda mais estas diferenças, tornando-nos seres únicos e irrepetíveis. A necessidade de amor, de um modo particular, é a procura da felicidade. No entanto, quando esta necessidade se transforma em carência, deixa-nos vulneráveis e desequilibrados. Perante essa carência, vai diminuindo o nosso estado de receptividade pela associação do amor a vivências menos boas. Por exemplo, se nos sentirmos manipulados e pressionados perante os afectos, associamos ao amor a ideia de receber com o dever de retribuir, para além da nossa vontade, ou seja, encara-se o amor apenas como uma troca obrigatória de dar em concordância com o que se recebe, mas desprovido de verdadeiro afecto. Outro exemplo gritante será o caso de alguém com deficiência. Não é fácil a descoberta e aceitação das nossas diferenças em relação aos outros, mas sobretudo, perante nós próprios. Imagine-se o que é ser-se diferente da maioria dos que nos rodeiam e tentar encontrar o nosso lugar no mundo. O reconhecer da incapacidade tolhe a nossa imaginação e a esperança de ser amado, tal como se é. Sentimo-nos amados quando o outro nos aceita tal como somos. Portanto, dar amor é abrirmo-nos para receber o amor que o outro tem para nos dar. É dar um espaço de si para acolher o outro em seu interior. Deve a sociedade em geral, fazer uma tomada de consciência e colaborar para a integração e inclusão de todos, sem exclusão das pessoas portadoras de deficiência, e deve fazê-lo de forma natural através da aceitação, porque a deficiência não é contagiosa, mas o amor é. Devemos viver em pleno, despidos de preconceitos e tabus, encarando com naturalidade que cada um de nós encerra em si próprio um universo, sublimando a vida. Porque o amor deveria ser mesmo contagioso, proporcionando a todos ser felizes com aquilo que a vida lhes trouxe, sem culpas, sem frustrações e com a eterna convicção na felicidade.

Texto elaborado por Sara Sousa


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Adolescência


CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA
A adolescência é uma etapa muito importante na evolução do ser humano porque representa um período de transformações e de experimentações que vão no sentido da procura e da construção da identidade. É através de um processo dinâmico que a adolescência se inicia e desenrola. Começa com a puberdade (fenómeno físico e biológico) e termina com a aquisição da identidade, da autonomia e da elaboração de um projecto de vida e da integração como ser social. Biologicamente, é mais fácil definir o início da puberdade e mais difícil situar o término da adolescência, pois este baseia-se em critérios psicológicos, sociais e culturais e todos estes critérios são variáveis, mudando de caso para caso. Podemos afirmar que a adolescência varia conforme cada infância, cada fase de maturação, cada família, cada época, cada cultura e cada classe social. De uma forma genérica, esta etapa existencial, na nossa cultura actual, abrange um período entre os 12-13 anos e os 18 anos. A ambivalência deste período liga-se com as transformações globais que ocorrem no indivíduo e que tornam o adolescente de difícil compreensão para os outros e até mesmo pelo próprio. É uma fase de inquietação pois existem sentimentos antagónicos que se comparam: autonomia versus dependência, crescer versus regredir. Na nossa sociedade actual é vulgar associar-se ao conceito de adolescência um conjunto de comportamentos problemáticos e desviantes relacionados com o consumo de droga, actos de vandalismo, violência, roubo e homicídios, gravidez prematura, suicídio e outros. As estatísticas parecem validar a ideia de que a adolescência é propícia a comportamentos delinquentes e atitudes de desvio, contudo, referem-se a jovens com comportamentos de desvio, os quais constituem um problema social grave. Porém, como se tratava de estudar a delinquência juvenil, os psicólogos não tinham como objectivo a observação de jovens com comportamentos socialmente aceitáveis. A delinquência juvenil existe e merece que os adultos se preocupem com ela, mas generalizar indevidamente conduz a preconceitos sociais.

ASPECTOS AFECTIVOS
As alterações físicas levam o jovem adolescente a voltar-se para si próprio, procurando entender o que se está a passar. Alguns adolescentes fecham-se muito sobre si próprios, não comunicando com os adultos. Por vezes, escrevem um diário, isolam-se, têm devaneios para tentarem corresponder a necessidades interiores que contribuem para se conhecerem melhor a si mesmos e desenvolverem-se emocionalmente. Os pares têm uma função muito importante, pois são neles que o indivíduo pode encontrar respostas para várias inquietações e questões como o “Serei normal?”, “Como será o meu futuro” ou “Só eu sinto as coisas desta forma?”. Os modelos de identificação deixam de ser os pais para passarem a ser os jovens da mesma idade, fazendo parte de um processo de autonomia e de individualização. Por vezes, os pais são alvos de severas críticas que estão relacionadas com este processo interno – os jovens não têm a verdadeira consciência das apreciações atribuídas aos pais e, em certos casos, podem sentir um vazio enorme, desprotecção, perturbação e incompreensão dos seus afectos. Esta incompreensão de que muitas vezes se sentem vítimas, é frequentemente, uma projecção da sua própria dificuldade em se compreenderem intimamente. A sua mudança fisionómica causa grande ansiedade. O adolescente tem que assumir uma imagem sexual do seu corpo, o que nem sempre é fácil, pois têm que fazer a distinção das transformações fisiológicas com a aceitação psicológica. A forma como cada um se autopercepciona e a forma como gostam de si é muito influenciada pelo meio onde vive e pela maneira como é aceite pelos outros. Nesta sociedade actual, existe uma certa tirania sobre os jovens, criando-se estilos padrões que não se coadunam a todos os corpos e assim, nasce a necessidade de se afirmarem como diferentes e originais, que alguns jovens demonstram na forma de vestir, de falar, nas atitudes e comportamentos. Ainda de salientar que nos aspectos afectivos, existe uma fragilidade e agressividade que se manifestam em súbitas alterações de humor. São frequentes crises de choro, de euforia e de melancolia. As grandes e globais alterações causam uma tensão tal que se traduz em impulsos não controlados.

ASPECTOS INTELECTUAIS
A adolescência é uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. Segundo Piaget, no quarto estádio das Operações Formais, o adolescente domina o pensamento puro, que o faz filosofar sobre vários aspectos, conduzindo-o ao egocentrismo intelectual, que o fará sentir-se o centro do universo e as suas teorias as melhores do mundo e as únicas correctas. Uma boa forma de lhes baixar o nível do egocentrismo e, simultaneamente, enriquecer-lhe os conhecimentos, será o debate sobre temáticas actuais e interessantes, como a toxicodependência, a homossexualidade e também, por exemplo, sobre a vida política. Vai permitir-lhe partilhar e ouvir diferentes opiniões e pontos de vista. O pensamento formal vai abrir novas perspectivas e exercitá-las através da aprendizagem, da crítica e da interrogação do futuro. No desenvolvimento psicossocial, o raciocínio hipotético-dedutivo permite ajudar na escolha de opções profissionais, na escolha de caminhos e construção do futuro. Estas novas capacidades cognitivas e o exercício das mesmas, permite-lhe reflectir antes de agir e manter uma certa distância relativamente aos conflitos emocionais. Há uma necessidade de coerência nas discussões intermináveis, no questionar os problemas e os argumentos expressos que são importantes na formação de ideias próprias.

ASPECTOS SOCIO-MORAIS
Com a entrada do jovem na adolescência, inicia-se o interesse por problemas éticos e ideológicos. Gosta de debater e faz opções, construindo valores sociais próprios. Os valores normalmente defendidos com grande radicalidade são, por exemplo, a liberdade, a lealdade, a coerência e a justiça social. A consciência de um novo estatuto e papel na comunidade leva-o a exercer uma nova socialização. Quando um adolescente descobre que a sociedade não se coaduna com as aspirações e valores que defende, revolta-se e defende uma perfeição moral, expressando um grande altruísmo. A forma como se vive a adolescência não só está relacionada com a infância, como também com o meio comunitário envolvente pelas suas dimensões geográficas, económicas e socioculturais. Esta ligação origina a forma como se faz a aprendizagem da vida e como se participa na vida cívica.
Aquando da adolescência é construída uma identidade pessoal, sexual e psicossocial. Esta crise de identidades que o jovem atravessa é explicada por Erikson que diz que a constituição de grupos de pares pode assumir um modelo de identificação positivo para o adolescente, pois o grupo pode dar certezas, mas por outro lado menos positivo, pode criar dependência. O jovem constrói a sua identidade por um processo de identificação e de diferenciação. Esta é uma fase de uma certa desorientação e de confusão, de avanços e recuos, de experimentações e de afirmações do ego, tudo contribuindo para a construção da identidade.

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
A crise de identidade surge muitas vezes por diversos factores como a permanência em casa dos pais, a dependência económica e as restrições comportamentais, são entraves com que o jovem se debate quando pretende autonomizar-se, construir a sua identidade pessoal, situando-se assim num fluxo de forças contrárias que contribuem para que o jovem tenha que passar. Nesta fase pode adquirir identidades diversas: Identidade prescrita – É uma identidade que os jovens assumem quando são exteriormente direccionados, não questionando, nem resistindo, pelo contrário, aceitando passivamente os papéis que lhes são prescritos por alguém que detém autoridade sobre eles. A identidade destes jovens é, portanto, adquirida sem margem para manifestações de autonomia, sem necessidade de procurar experiências, sem hesitações nem sobressaltos, sem dificuldades, sem crises. Estes jovens evitam a ansiedade e as incertezas por que passam os que tentam encontrar-se a si próprios. Identidade difusa – O jovem entrega-se a tarefas que rapidamente abandona, experimentando sucessivos papéis, não encontrando nenhum que lhe assente bem. O sentimento de incerteza comum nos adolescentes faz com que avaliem superficialmente as alternativas e que se deixem fascinar por muitas delas, vivendo numa espécie de universo sem referências, em que as normas, valores, passado e futuro têm a marca da relatividade. O adolescente entrega-se ao presente, saltitando à cata de experiências, momentaneamente gratificantes, como se fosse desprovido de raízes, sem história, sem horizonte, sem nada a que se agarrar. Identidade adquirida – No final da adolescência, é suposto que o jovem tenha já construído uma noção a seu respeito, que apresente uma estrutura bem definida entre o seu passado, as experiências que teve e os vários papéis que desempenhou. Para que se sinta autónomo, sabendo quem é e o que deseja na vida, é necessário que sinta que os outros reconheçam a sua determinação em permanecer firme na forma de pensar, no agir, no sentir e projectar. Neste sentido, desempenha um papel fundamental, o relacionamento estabelecido com algumas pessoas que, por serem significativas, se constituíram como modelos de identificação.

MORATÓRIA PSICOSSOCIAL
No processo da construção da identidade, o jovem não fica imune a sobressaltos, paragens, hesitações e desvios de percurso. Na realidade, precisa de um período de pausa, afastando-se das pressões e exigências impostas pelo adulto. Interessa-lhe agora, experienciar a vida e as oportunidades que ela oferece, testando as suas capacidades em simultâneo. Erikson, designa por moratória psicossocial este “período de latência”, que se caracteriza por ser um período de compasso de espera, em relação aos compromissos adultos. A moratória, segundo Erikson, pode ser um período de vida boémia ou de devaneios imaginativos, de abnegação ou de extravagâncias. A moratória pode ser confundida com a difusão da identidade, dado que em ambos os casos, o adolescente parece andar sem rumo. No entanto, elas distinguem-se nas vivências subjectivas e nos objectivos prosseguidos. Na difusão da identidade, o adolescente anda sem rumo, mas não faz nada para o remediar, caracterizando-se pela fuga às responsabilidades e pela entrega ao prazer imediato. Na moratória, o jovem empenha-se na tarefa de encontrar um sentido para a sua vida; fá-lo sozinho, recusando caminhar pelas pegadas dos outros. A moratória resume-se a um período de espera que o jovem, responsavelmente, concede a si mesmo. Não se prolonga indefinidamente e a partir dela, o jovem pode construir a sua identidade ou cair na difusão.
No estado de difusão, o jovem pode aceder a uma moratória ou a uma identidade prescrita. Da identidade prescrita, é possível passar a uma fase de difusão ou de moratória. Quando o jovem adquire a sua identidade, pode entrar num estado de crise, vivendo um período de moratória ou de difusão. Assim, não se pode definir objectivamente o percurso que conduz à construção da identidade pessoal.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
A evolução da psicossexualidade é explicada por Sigmund Freud e diz que desde que nasce, o ser humano procura obter prazer através de diferentes formas e de diferentes fases que vão variando ao longo do desenvolvimento. A adolescência, segundo Freud, inicia-se no estádio genital e compreende alguns fenómenos que ocorrem depois da puberdade. A puberdade traz novas pulsões sexuais genitais e o mundo relacional do adolescente é alargado para outras pessoas exteriores à família. Este facto permite que passe por um processo de autonomia em relação aos pais idealizados, que traz o encerramento do Complexo de Édipo. Freud considera ainda que face a algumas dificuldades características da adolescência, o jovem regride a fases do desenvolvimento anteriores, recorrendo a mecanismos de defesa do ego como, por exemplo a negação do prazer através do isolamento e a racionalização, ou seja, coloca toda a sua energia em actividades do pensamento como forma de esconder aspectos emocionais.

TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO
Existem várias concepções de desenvolvimento, que decorrem de diferentes teorias. Desenvolvimento Cognitivo – JEAN PIAGET – Consiste a partir de três elementos fundamentais: a estrutura, que se refere aos aspectos biológicos; a função, que trata das tendências básicas da espécie e o conteúdo, que se refere aos dados comportamentais. Para Piaget, o conhecimento é gerado através de uma interacção do sujeito com o seu meio, a partir de estruturas existentes no sujeito. Assim sendo, a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito, como da sua relação com os objectos. Piaget subdivide o desenvolvimento intelectual em quatro estádios e a adolescência enquadra-se no estádio das operações formais (dos 11/12 anos aos 15/16 anos).
Desenvolvimento Psicossocial – ERIK ERIKSON – Discípulo de Freud, Erikson prediz que o crescimento psicológico ocorre através de estágios e fases, não ocorre ao acaso e depende da interacção da pessoa com o meio que a rodeia. Cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma vertente negativa. As duas vertentes são necessárias mas é essencial que se sobreponha a positiva. Propõe oito estádios de desenvolvimento tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais. O estádio relativo à adolescência é o da 5ª idade – Adolescente (12 - 18/20 anos) cujo conflito é Identidade versus Difusão/Confusão e a virtude é Lealdade ou Fidelidade.
Desenvolvimento de Maturação – ARNOLD GESELL – analisou o comportamento infantil através de filmagens e fotografias, nas quais as crianças foram observadas em idades diferentes, estabelecendo pela primeira vez um desenvolvimento intelectual por etapas, semelhante ao seu desenvolvimento físico. Gesell e os seus colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta: motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações nervosa, muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.
Desenvolvimento Psicossexual – SIGMUND FREUD – Conhecido como o pai da psicanálise, para Freud o desenvolvimento humano e a constituição da mente explicam-se pela evolução da psicossexualidade. Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica sobre o desenvolvimento é a existência de uma sexualidade infantil que é sentida através de pulsões. A adolescência é um período singular em que se vivem experiências e encaram-se questões que nunca antes se tinham colocado e que dificilmente se repetem. A mudança, a transformação, a alteração são palavras-chave para caracterizar esta etapa e as modificações são a todos os níveis. O adolescente muda fisicamente assumindo novas formas de um corpo adulto, adquire novas capacidades intelectuais, nomeadamente no pensamento que passa de concreto para abstracto e dá-se inicio ao pensamento puro que traz a capacidade de pensar em hipóteses ou em conceitos abstractos. Esta nova capacidade, leva-o a reflectir e manifesta-se pelo egocentrismo intelectual. O adolescente considera-se apto a resolver todos os problemas e considera também que as suas ideias são, sem dúvida, as melhores. Ele actua como se os outros e o mundo, se tivessem que organizar em função dos seus pontos de vista, apresentando e defendendo as suas convicções pelo pensamento lógico-argumentativo, como foi salientado por Piaget. É também na adolescência que as relações com os pais se transformam no sentido de uma maior autonomia e os pares passam a constituir um ponto de referência e de identificação importante. O jovem inicia o envolvimento em relações de intimidade e partilha, criando uma nova forma de relacionamento e Freud define cinco estádios do desenvolvimento psicossexual, no qual o estádio genital (depois da puberdade) é o que corresponde à adolescência.

Texto elaborado por Sara Sousa


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