domingo, 10 de janeiro de 2010

Lhasa de Sela II


Ainda Lhasa...
Referindo-se ao seu pai, deixou-nos este texto doce e cândido que passo a citar:

«O meu pai é um filósofo: anda sempre a magicar nalguma ideia. Vou vos contar a última que ele me disse. Ele diz que quando somos concebidos, aparecemos na barriga das nossas mães como que uma pequena luz perdida num espaço infinito. Não vemos, nem ouvimos e flutuamos no silêncio e na escuridão. O tempo não existe. Mas, o nosso corpo cresce lentamente e vamos começando a sentir as coisas, a tocar as paredes do nosso mundo. Depois, começamos a ouvir sons e a sentir choques que nos chegam do exterior. À medida que vamos crescendo, a distância entre nós e esse outro mundo fica mais pequena e o espaço que parecia tão infinito torna-se pequeno demais e temos que nascer. O meu pai diz que, quando nascemos, estamos aterrorizados e pensamos para nós mesmos: "Pronto… a minha vida acabou… vou morrer." Mas não é o fim, é apenas o começo".
Então, chegamos a esta vida. No princípio, somos muito pequenos e o mundo parece infinitamente grande, o tempo infinitamente longo. Mas, continuamos a crescer. Desenvolvemos os sentidos, a mente, aprendemos de novo a tocar nos limites, as paredes do nosso mundo. Mas, às vezes, à parte dos sons e sensações deste mundo, ainda ouvimos sons e sentimos choques que nos chegam… de outro mundo. Temos medo deles, e dizemo-nos a nós mesmos: "Isto é a morte". E quando a morte chega, sentimos de novo: "Isto é o fim."
Mas o meu pai acredita que isso não é o fim, é apenas o começo de qualquer outro mundo.»

Esta canção chama-se "Soon this space will be too small" - Em breve este espaço será pequeno demais.



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