Procuro o dia a cada noite que adormeço
um cheiro a terra molhada esquecido pela solidão,
um cheiro a terra molhada esquecido pela solidão,
atravesso o corredor cinzento do desencanto,
é apenas uma madrugada só que me abraça.
Enxugo gotas secas pela voz que não ouço,
afectos roucos trucidados no som da descrença,
prendem-se os sonhos na goma da surdez,
sinfonia não estreada por falta de compasso.
Abandono o palco defronte da plateia deserta,
sossego o maestro, o actor e o poeta.
Não se escreva, hoje, o que não pôde ser dito!
Não se encene, agora, o que não se soube exprimir!
Esqueçam-se as pautas onde a melodia se extingue!
Lá fora está escuro e só o silêncio se ouve…
Apague-se a ribalta para que não se adivinhem os passos!
Chego à janela, deixo entrar o vento e peço:
“Pousa teu olhar na minha pele…
Despe-me a saudade!”
Despe-me a saudade!”
(Poema do blogue Paços d'Água)
Sem comentários:
Enviar um comentário