segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Instituição HARPA - Pedagogia Waldorf

Em visita à “Harpa” - São João dos Montes (Alhandra), pude constatar em contexto real o que implica uma instituição que siga a pedagogia Waldorf. Este tipo de pedagogia assenta as suas bases no desenvolvimento do ser humano, tendo em conta as diferentes capacidades e características das crianças. Actua incentivando o querer, o sentir e o imaginário, que são estimulados através do contacto com a natureza, através das actividades artísticas e artesanais e através dos contos de fadas, de lendas e mitos.

A criança desenvolve uma consciência ecológica muito acima da média das outras crianças, sendo esta a primordial vantagem que encontrei neste contacto. Conhecem as árvores e os seus frutos, respeitam os cultivos e os animais e vivem em comunhão com as variadas formas que a natureza oferece, como por exemplo, comprovei que as crianças não matam os insectos quando encontrados no interior das salas, mas sim libertam-nos para o exterior.
Outro facto que pude observar e que achei muito interessante é que é dada às crianças a experimentação de um crescer saudável e, desde que a criança entra no Jardim de Infância, ela tem a oportunidade de explorar o mundo e firmar a sua confiança em si mesma. Ela cresce com a expressão criativa ao seu expoente máximo e livre de pressões, ou seja, é-lhe dado tempo e espaço suficientes para que ela possa explorar o mundo sem pressas ou constrangimentos. É incutida à criança que ela própria faz parte do mundo e que está em consonância com tudo o que a envolve, mas também lhe é transmitida a individualidade de cada ser, desenvolvendo capacidades únicas através desta pedagogia.

O contacto com o exterior, o facto de a sua alimentação ser estritamente biológica (comem os produtos que cultivam e quando têm que comprar fora da instituição, compram produtos biológicos), o facto de não terem químicos na composição dos mobiliários, brinquedos e vestuário – todas estas questões vão complementar a pedagogia aplicada no desenvolvimento da criança.
Em relação aos brinquedos, achei interessante serem minimalistas e, por exemplo, as bonecas são confeccionadas sem quaisquer expressões para que a criança possa brincar com elas e imaginar o que quiser, ou seja, ela própria cria no seu imaginário o que as bonecas estão a sentir, se estão a dormir, se estam felizes ou se choram e, na realidade, ao olhar as bonecas faz sentido e é possível que a criança assim o faça.
Todos os outros brinquedos dentro da sala são na sua maioria obtidos na natureza, como é o caso de pinhas, conchas e nenhum deles tem muitos detalhes, para que a criança possa acrescentar algo de si ao brinquedo, transformando-o. O estímulo ao sentido do tacto também é transmitido pelos materiais da natureza, como é o caso da madeira, que é muito utilizada e trabalhada pelas crianças.

A musicalidade está presente em todas as actividades. As canções, as danças de roda e os jogos rítmicos são actividades importantes. O criar, o imitar é fundamental para o desenvolvimento da inteligência, para além de estimular outras áreas como a auto-estima e a confiança através da repetição das cantilenas.
As festividades são comemoradas de forma harmoniosa com a natureza, sendo festejadas as qualidades próprias de cada época do ano, ajudando a criança, uma vez mais, a encontrar o seu ritmo interior no seio do ritmo da natureza.

Pessoalmente, gostei muito desta visita e o que de início se estranha, depois se entranha. É preciso compreender os motivos e os objectivos desta pedagogia e, na minha opinião, as vantagens são mais que muitas.
Nos dias de hoje, onde as nossas crianças e jovens encontram cada vez mais solicitações de desvio de atenção, como a televisão, a Internet, os videojogos, o consumismo e muitas outras, penso que parar e encarar a vida em outra perspectiva é muito mais salutar. Ter estas experiências e vivências leva a um enriquecimento emocional, mental e até mesmo físico, defendendo a criança e futuro jovem e adulto, de referências que o nosso mundo actual lhes confere, como ausência de sentido ecológico, atitudes superficiais e fúteis e fracasso global por falta de auto-confiança.
Estas referências que menciono são características de muitos jovens com quem, estes alunos, irão, um dia, encontrar-se. Será que irão conseguir integrar-se no sistema convencional sem que isso lhes cause qualquer prejuízo na continuação da sua aprendizagem? Esta é a grande questão que coloco, porque a nossa sociedade é, por vezes, cruel e inclusiva, sofre de preconceitos infundados, aos quais é difícil sobreviver…

Texto elaborado por Sara Sousa


3 comentários:

  1. Cara Sara,

    Acredtito que não devemos ter medo de participar do que é bom e muito menos ter medo de ir de na contra mão desse sistema cruel que vc mesma cita.
    Tenho vários amigos que são ex-alunos de escolas waldorf e posso dizer que são seres humanos difereciados, muito talentosos em tudo que fazem, solidários, fraternos, com certeza cidadões que o mundo muito precisa.
    Quando eu conheci uma escola waldorf uma das primeiras coisas que eu pensei e que eu adoraria voltar a ser criança pra estudar numa escola assim.

    DANI SOUZA - Lauro de Freitas/BA

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  2. Fui voluntária na Harpa e posso dizer que foi uma experiência notável.As pessoas que trabalham na harpa são Maravilhosas,e o ambiente que lá se vive é uma delicia.De imediato me fiz sócia dessa escolinha,pois é um prazer contribuir para que essa semente alastre .Rezei muito para que uma escola maior dali surgisse e toquei o meu tambor em homenagem ao Grande espírito que envolve aquele lugar abençoado.Que a vida ali continue leve e perfumada e que muitas escolas como a Harpa se desenvolvam por esse país fora.Aprendi ali muito e já levei a semente para outros lados,e continuo polinizando...
    Maria das Neves

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  3. De facto, é um espaço "limpo", com um bom karma, de equilibrio com a natureza. Promover esse bem-estar, estendendo-o às crianças, é, sem dúvida, uma bênção.
    Um bem-haja para si e para a sua polinização, Maria.

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